Representação feminina no poder Legislativo local cai de 36,8% para 26,3%
A partir de 2025, o número de mulheres na Câmara Municipal de Londrina será ainda menor. Isto porque, com base no resultado do último pleito realizado neste domingo (6), a Casa contará com cinco vereadoras no próximo ano. Atualmente, elas ocupam sete das 19 cadeiras.
Com isso, a representação feminina no poder Legislativo local cai de 36,8% para 26,3%. O índice é muito inferior ao perfil do eleitorado londrinense. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a maioria das pessoas aptas a votar na cidade são mulheres. Dos 399. 730 mil eleitores, 217.376 são mulheres, correspondendo a 54%.
Das atuais parlamentares: Daniele Ziober (PP), Jessicão (PP), Lenir de Assis (PT), Lu Oliveira (Republicanos), Mara Boca Aberta (PMB), Professsora Flávia Cabral (PP) e Professora Sonia Gimenez (PSB) apenas três se reelegeram.
Na próxima legislatura, além da permanência de Jessicão (PP), Lenir de Assis (PT) e Professora Flávia Cabral (PP), a Câmara contará com novas representantes: Michele Thomazinho (PL) e Anne Ada (PL).
A maioria das candidaturas situa-se no campo da centro-direita. A cientista política Jacqueline Teixeira chama atenção para o ingresso de mulheres nas tribunas impulsionado, sobretudo, por partidos de direita e extrema-direita.
“Em 2018, a representatividade de mulheres na Câmara Federal saltou de 10% para 15%. O crescimento foi liderado por candidaturas vinculadas a direita e extrema-direita. A maioria destas mulheres legisla a favor de projetos que se opõem aos seus próprios direitos”, diz.
“O campo da saúde reprodutiva é um dos exemplos mais evidentes. Recentemente, vimos que o Projeto de Lei nº 1904, popularizado como ‘PL da gravidez infantil’, responsável por cercear o direito ao aborto nos três casos atualmente previstos na legislação brasileira, quando a gravidez é decorrente de estupro, se representa risco à vida da mulher e em caso de anencefalia do feto, teve apoio de 33 parlamentares, sendo 12 mulheres”, acrescenta.
Para a pesquisadora, embora, frequentemente haja interesses das próprias legendas em agregar mulheres com o intuito de dar um “verniz” de maior igualdade e diversidade, é importante não retirar a autonomia das parlamentares que efetivamente se identificam com o ideário conservador.
“Certamente há cooptação das candidaturas de mulheres, mas não só. Existem aquelas que realmente se identificam com os ideais e valores conservadores e os defendem. Este fenômeno pode parecer contraditório, visto as desigualdades historicamente acumuladas, mas mulheres também pode reproduzir práticas e discursos misóginos. Romper com a estrutura machista, com todas as formas de dominação, é um processo complexo e difícil”, observa.
Independentemente do recorte por gênero, o PL foi a sigla que mais aumentará sua participação no Legislativo londrinense, passando de três para seis cadeiras em 2025. O PSD, partido de Ratinho Júnior, salta de um para dois representantes.
Já o Republicamos passa de quatro para três cadeiras e o PP de oito legislaturas contará com seis no próximo mandato. O PT permanece com uma representante e o Avante também terá um membro na Câmara Municipal.
Confira abaixo vereadores eleitos e número de votos recebidos:
- Deivid Wisley (Republicamos): 16.212 votos
- Jessicão (PP): 15.057 votos
- Michele Thomazinho (PL): 6.984 votos
- Professora Flávia Cabral (PP): 5.751 votos
- Chavão (Republicanos): 5.655 votos
- Giovani Mattos (PSD): 5.596 votos
- Lenir de Assis (PT): 4.737 votos
- Santão (PL): 3.948 votos
- Valdir Santa Fé (PP): 3.896 votos
- Marcelo Oguido (PL): 3.891 votos
- Antonio Amaral (PSD): 3.438 votos
- Emanoel (Republicanos): 3.143 votos
- Roberto Fú (PL): 3.097 votos
- Mestre Madureira (PP): 3.091 votos
- Matheus Thum (PP): 3.003 votos
- Anne Ada (PL): 2.959 votos
- Régis Choucino (PP): 2.936 votos
- Marinho (PL): 2.753 votos
- Sidnei Matias (Avante): 2.423 votos
Prefeitura
Já a definição de quem ocupará a Prefeitura de Londrina pelos próximos quatro anos ficará para 27 de outubro. Tiago Amaral (PSD) e Professora Maria Tereza (PP) receberam 42,69% e 23,64% dos votos respectivamente, e disputam o segundo turno (saiba mais aqui).
Veja abaixo a evolução dos dez partidos com mais prefeituras neste primeiro turno, em comparação a 2020:
- PSD: de 662 para 888 — aumento de 34%
- MDB: de 797 para 860 — aumento de 7%
- PP: de 701 para 752 — aumento de 7%
- União Brasil: de 568 para 589 — aumento de 3%
- PL: de 349 para 523 — aumento de 50%
- Republicanos: de 216 para 439 — aumento de 103%
- PSB: de 258 para 311 — aumento de 21%
- PSDB: de 531 para 273 — queda de 49%
- PT: de 183 para 251 — aumento de 37%
- PDT: de 318 para 150 — queda de 53%
- Avante: de 81 para 136 — aumento de 67%
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.