Apesar de ainda registrar saldo positivo, as vagas de trabalho tem diminuído mês a mês
Na última quinta-feira (29), o Ministério do Trabalho divulgou novo boletim do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com o levantamento, em maio, foram abertas 155.270 vagas de emprego formal no país. O saldo considera o balanço entre admissões e demissões com carteira assinada. O índice ficou abaixo das expectativas e demonstra uma desaceleração no volume de contratações desde o início de 2023, ficando a frente apenas de janeiro, quando 86.099 novos postos foram criados.
Considerando os cinco primeiros meses do ano, o saldo de empregos formais está positivo em 865.360 vagas. Em maio, o destaque ficou com o setor de serviços, que concentrou mais da metade das admissões: 83.915. Em seguida, aparece a construção civil com 27.958 novos postos. Em terceiro lugar, o setor da agropecuária, realizou 19.559 contratações. Já o setor de comércio abriu 15.412 novas chances e a indústria contratou 8.429 trabalhadores no período.
As cinco regiões do país registraram aumento nas oportunidades de emprego. O Sudeste liderou as contratações, com 102.749 novos postos, seguido por Nordeste (+14.683), Centro-Oeste (+14.473), Norte (+12.624) e Sul (+8.870). Ainda, com base no levantamento, é possível identificar que o salário médio de admissão apresentou pequena queda, passando de R$ 2.022,83 em abril para R$ 2.004,57 em maio. A diferença é de R$ 18,26 a menos no bolso dos trabalhadores.
Paraná
No intervalo entre janeiro e maio deste ano, o Paraná abriu 62.923 novas vagas com carteira assinada. O índice coloca o estado com o melhor desempenho na região Sul. Em segundo lugar, está Santa Catarina com 59.372 contratações. Já o Rio do Grande do Sul realizou 53.028 admissões.
Embora o saldo ainda permaneça positivo, a quantidade de vagas ofertadas aos paranaenses tem diminuído mês a mês. Em fevereiro, foram 24.355 novas alocações, seguidas de 13.550 em março, indicando 10 mil vagas a menos em comparação ao mês anterior. Em abril, 10.331 postos foram criados no estado. Em maio, novamente retração: 7.785 trabalhadores encontraram uma oportunidade no mercado de trabalho.
Como no cenário nacional, no Paraná, a área de serviços lidera as novas contratações com 4.446 vagas, representando 57% dos postos criados no mês. O setor da construção vem na sequência, com a geração de 2.297 postos formais. A indústria e o comércio abriram 864 e 198 vagas de emprego, respectivamente.
A economista Juliana Martins reforça que a diminuição de vagas com carteira assinada preocupa, pois a tendência é que aumente o número de trabalhadores sobrevivendo na informalidade. Além disso, ela destaca que o aumento da mão de obra desprotegida também reflete nos trabalhadores com vínculo reconhecido, na medida em que reforça a sensação de insegurança do funcionário que pode ser substituído a qualquer momento por outro trabalhador e a um custo mais baixo.
“As pessoas precisam ter alguma renda e com a falta de oportunidades no mercado de trabalho formal, cresce a oferta de emprego em condições ainda mais precarizadas. É instaurado um ciclo de exploração que também chega nos trabalhadores com carteira assinada. Se tem mais mão de obra disponível, o desrespeito a direitos, como o descumprimento da jornada contratada, tende a ser mais tolerado. Ao mesmo tempo, o trabalhador que está desempregado se sujeita a salários mais baixos e a ter menos garantias porque precisa viver. O estoque de mão de obra reserva é interessante para quem detém o poder”, pontua.
Londrina
Segundo informações do Caged, Londrina abriu 647 novos empregos em maio. Foram 8.740 profissionais admitidos e 8.093 desligados. Desde janeiro, foram geradas aproximadamente 4 mil novas vagas de trabalho na cidade. As contratações são puxadas pelo segmento de serviços, responsável pelo saldo de 3.595 postos no acumulado de 2023.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.