Categoria segue em negociação com a estatal. Uma nova assembleia está agendada para a próxima quinta-feira (15)
Trabalhadores dos Correios, em todo Paraná, decidiram pela suspensão da greve deflagrada na última quinta-feira (8). O encaminhamento foi tomado em assembleias descentralizadas pelo estado.
Em nota divulgada no sábado (10), o Sintcom-PR (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná) informou que o retorno às atividades ocorre a partir desta segunda-feira (12) enquanto a categoria aguarda a reabertura da negociação do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) com a estatal.
Os trabalhadores permanecem em estado de greve e uma nova assembleia foi marcada para a próxima quinta-feira (15), quando a expectativa é avaliar a proposta que deve ser apresentada pela empresa nos próximos dias. Uma nova greve não está descartada.
Diego Henrique da Silva, diretor da pasta de Comunicação do Sintcom-PR, avalia que o movimento foi positivo. “A gente mostrou para a empresa que, infelizmente, já estava se acostumando a tratar os trabalhadores com desrespeito e desdém nas negociações. Isto ficou muito evidente na primeira hora, quando a empresa lançou o questionamento ‘de por que a pressa’ já que ano passado ela conseguiu levar a campanha salarial até dezembro, sendo que a nossa campanha salarial é de agosto a agosto”, analisa.
Ainda, ele classifica que, especificamente, no Paraná, a mobilização teve o caráter de “revolta”.
“Contra a gestão do estado que tem feito questões absurdas como assédio moral, acúmulo de serviço, demonstrando que só se importa com indicativos e não com os trabalhadores, então, temos muitos funcionários adoecendo seja fisicamente ou mentalmente. Esta situação de destrato, de mentiras, a administração não esperava esta greve”, acrescenta.
Conforme informado pelo Portal Verdade, os funcionários reivindicam recomposição salarial, visto as perdas salariais acumuladas desde 2021, reimplantação do “Correios Saúde”, plano assistencial que foi terceirizado e apresentou aumento nas mensalidades, dificultando o acesso e, ainda, a ampliação da quantidade de vagas estimadas em novo concurso público.
O último certame, em âmbito nacional realizado pela estatal foi em 2011, quando mais de 1,1 milhão de pessoas se inscreveram para 9.190 vagas de nível médio e superior.
Na última semana, o governo federal publicou edital que visa contratar profissionais das áreas de Medicina e Segurança do Trabalho. Ao todo são ofertadas 33 vagas com salários iniciais de até R$ 6,8 mil.
Já o concurso para o nível operacional de carteiro, que vai preencher 3,2 mil vagas, segue em andamento para contratação da banca organizadora.
O Sindicato salienta que a quantidade de cargos anunciados é insuficiente. De acordo com ele, apenas no Paraná, o déficit estimado é de 3 mil funcionários.
“No Paraná, o sindicato estima que seria necessário mais uns 3 mil contratados para poder suprir a falta de funcionários. O que já entra em desacordo com a própria fala do presidente da empresa, que afirmou que o concurso seria para 3 mil vagas, o que não supriria, mais ou menos supriria as vagas no Paraná, quem dirá no país. Então, é uma situação complicada que a gente também está tentando mudar na mesa de negociação”, observa a liderança.
Ao todo, funcionários da estatal em nove estados paralisaram as atividades. “A expectativa é que a empresa trate a gente com mais seriedade, que até dia 15, quando tiver nova proposta, faça um plano decente, que a categoria realmente possa avaliar e não uma proposta absurda como a última que ela fez. A empresa vem agindo de má fé, por exemplo, lança um texto oficial de proposta e anuncia outro texto, fazendo a população ficar contra a categoria. Se não houver uma proposta, a categoria vai parar em maior peso”, adverte Silva.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.