Defendo que devemos enfrentar o obscurantismo, defender a ciência e a democracia nas relações da sociedade, para garantir saúde para todos.
E você, caro leitor, deve estar pensando: “esse cara tá maluco? Que tem a ver obscurantismo – que eu nem sei direito o que ele quis dizer (Bruxaria? Escuro? Eclipse solar?…?), com ciência, com democracia (ih, lá vem política de novo…) e com saúde? O que isto tem a ver com meu familiar que está há meses aguardando a resposta para fazer uma ressonância magnética e voltar para o especialista, enfrentando dor e dificuldade para andar, sem poder trabalhar?”
Parece que não, mas tem tudo a ver. Senão, vejamos.
O obscurantismo citado tem a ver com não aceitar ou não acreditar nos avanços de conhecimento e de tecnologia que a inteligência humana conquista. É negar aquilo que não entende e não aceitar as descobertas da ciência, que nos protege. É acreditar em soluções fáceis ou inventadas por bruxarias modernas, sem nenhuma base científica de comprovação.
Então, é claro que o obscurantismo ataca e procura destruir o conhecimento científico. E, ao fazer isto, afeta diretamente nossa saúde, tanto individual, como coletiva.
Daí que o obscurantismo e os obscurantistas (geralmente extremistas políticos) não gostam de relações sociais clara e transparentes, que garantam os direitos de cada cidadão e da sociedade toda. Detestam, portanto, a democracia que iguala todos em seus direitos e deveres.
Por isso, os obscurantistas sempre vão querer impor-se na marra. Na mentira e na violência se preciso for. Destruindo a democracia, desacreditando a ciência.
Por isso, quanto mais forte for o obscurantismo e quanto mais os obscurantistas dominarem a sociedade, menor será a ciência, menor a igualdade de direitos, menor a democracia. E mais difícil as propostas igualitárias do SUS sobreviver, mais dinheiro do SUS vai ser desviado para aqueles que querem apenas ganhar dinheiro com a doença das pessoas.
Mais forte ideias como a privatização do dinheiro do orçamento público para as mãos de poucos. Assim, cada vez mais difícil e mais demorado será para o seu familiar ser atendido. Até o dia em que ele não será mais atendido, se não pagar.
Pense nisso…
Texto: Gilberto Martin, médico sanitarista