Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Essas frases foram o ponto alto do discurso do deputado federal Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, durante a promulgação da Constituição de 1988. A nova Constituição enterrava definitivamente o período obscurantista de 21 anos de ditadura militar, inaugurada com o golpe de 1º de abril de 1964.
Nada era verdadeiro no golpe deflagrado no Dia da Mentira, desde a escolha da data, que os militares retroagiram para 31 de março para ficar menos farsesco, até as causas. Militares e setores civis que apoiaram a quartelada alegaram agir no “combate ao comunismo”, mas na verdade agiram em defesa dos interesses do governo dos EUA. A conspiração começou no governo de John Fitzgerald Kennedy.
JFK teve um final trágico, assassinado em Dallas, mas a conspiração seguiu adiante. O povo brasileiro pagou a conta de um golpe feito para manter e aprofundar as desigualdades num país profundamente desigual. Passados 59 anos e depois do governo golpista de Bolsonaro, a necessidade de defesa da democracia e combate ao golpismo ganharam ainda mais importância. Mas de que democracia falamos? Não haverá democracia sem combater as profundas desigualdades sociais e nem garantir direitos, principalmente aos brasileiros que nunca chegaram nem perto de serem sujeitos de direitos.
As palavras de Ulysses Guimarães naquele outubro de 1988 continuam ecoando até hoje: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo!”
Fábio Silveira
Doutor em Comunicação pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), da Unesp/Bauru (2020) e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina, UEL (2002). Possui graduação em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo pela UEL (1995).
Atualmente é professor colaborador/assistente do Departamento de Comunicação da UEL. Atuou como jornalista, repórter e colunista político no Jornal de Londrina por 19 anos (1995-2015, com intervalo de um ano, de maio de 1997 a maio de 1998), foi comentarista político da RPC em Londrina e comentarista político na rádio UEL FM, emissora educativa da Universidade Estadual de Londrina, como colaborador voluntário. Foi repórter da RPC (Rede Paranaense de Comunicação, afiliada da Rede Globo) em Londrina de julho de 2017 a novembro de 2020.
Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo e política, atuando principalmente nos seguintes temas: jornalismo, imprensa e política – londrina, imprensa, londrina – política e governo e ética.