Mobilização integra agenda do Comitê de Luta criado pelos representantes sindicais e militantes na montadora, em maio deste ano
Ex-trabalhadores na Ford panfletaram nesta quinta-feira, 21, nos arredores da estação do metrô República, no centro da capital paulista. A ação faz parte do Comitê de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia criado pelos representantes sindicais e militantes na montadora em maio.
Os comitês são espaços de organização popular e cumprem o papel de ampliar o diálogo com a população sobre os problemas enfrentados pelos brasileiros e pelas brasileiras, como o desemprego, a saúde, a educação, a pobreza, além de apontar os caminhos de luta e promover ações de solidariedade.
A escolha da data não foi por acaso. Há exatos 41 anos, completados neste dia 21 de julho, os trabalhadores na Ford de São Bernardo do Campo, após a realização de uma greve, conquistaram a primeira Comissão de Fábrica do Brasil, eleita pelos próprios metalúrgicos.
O material entregue aos transeuntes trata não apenas sobre as reformas promovidas pelo atual governo federal como também fala do aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, da pandemia e dos 33 milhões de brasileiros que passam fome no Brasil, como aponta o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado em junho.
O jornal comenta ainda sobre o encerramento das atividades na Ford do ABC paulista, em 2019, após 52 anos de atuação na região.
De acordo com a publicação, o fechamento da fábrica representou uma “irresponsabilidade empresarial” combinada com uma “inação das autoridades públicas”.
“O governador à época, João Doria, teve uma atuação pífia para reverter a decisão e o presidente da República, Jair Bolsonaro, procurado pelos trabalhadores, ignorou totalmente o caso”, aborda o material de quatro páginas.
Povo nas ruas
A mobilização desta quinta-feira no centro de São Paulo permitiu, segundo o presidente do TID-Brasil e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, um diálogo mais próximo com a população sobre os reais problemas reais vividos atualmente no Brasil.
“O povo brasileiro está sendo submetido ao maior assalto social e econômico da história desse país, com queda na renda, piora no desemprego e nas condições de vida”, disse.
Simão Barbosa de Matos Neto, o Soró, funcionário por 32 anos da Ford de São Bernardo do Campo, critica o atual governo federal e lamenta o fechamento de inúmeras empresas no Brasil.
“O olhar do mundo sobre o Brasil não é o mesmo do que vimos nos anos 2000 com o governo Lula. Depois do golpe de 2016, tudo se transformou radicalmente. Com a retirada de direitos e a desindustrialização, vimos o desemprego aumentar e uma crise profunda no Brasil. Até 2013, não se via a quantidade de pessoas pedindo comida e indo morar na rua como hoje”.
Para Soró, que ingressou na Ford em 13 de outubro de 1989 e vivenciou diferentes momentos da economia brasileira e do movimento sindical, é preciso eleger em outubro de 2022 candidatos que garantam a distribuição da riqueza e uma política de expansão do setor de consumo, de investimentos públicos e a retomada da industrialização.
“A partir de janeiro de 2023, precisamos de um governo progressista que seja indutor do crescimento da economia, do emprego, da renda e que acabe com a fome”, finalizou.
Fonte: Redação CUT