COLUNISTASFábio da Cunha

Para onde estamos indo com a guerra na Ucrânia

A guerra na Ucrânia, iniciada no dia 24 de fevereiro deste ano, já pode ser considerado o maior evento deste século, superando até o fatídico 11 de setembro de 2001, não só pela invasão russa ao país Ucraniano, mas pelas ações que sucederam o início da guerra.

Antes de tudo, é necessário reforçar aqui que essa guerra poderia sim ter sido evitada, como já colocamos em outros textos. Mas os EUA já tinham, naquele momento, o objetivo de incitar a Ucrânia a “bater” de frente com a Rússia, como que incitar um poodle a desafiar um pitbull, e o resultado é o que estamos vendo: uma Ucrânia destruída, com grande parte de seus soldados mortos, feridos ou rendidos pelo exército russo, como vimos recentemente na tomada total da refinaria de Azovstal, na qual quase três mil soldados se renderam, selando a queda de Mariupol, importante cidade portuária da Ucrânia.    

Existem vários motivos para que os americanos manipulem a Ucrânia, entre eles podemos destacar: 1) abalar a economia da Rússia como consequência de entrar numa guerra; 2) evitar que Russos e Alemães selem acordos comerciais com os negócios do gás russo pelo novo duto Nord Stream 2, já finalizado, que liga a Rússia à Alemanha; 3) gerar um novo aporte de gastos para financiar a indústria da guerra do Pentágono, depois do fracasso e da saída vergonhosa do Afeganistão; 4) mostrar para o mundo que o império americano ainda tem poder, apesar de se mostrar cada vez mais uma nação em desintegração, pois sua capacidade de produção real, com exceção da indústria armamentista, é cada vez mais ínfima se com parada com Rússia e China. A China é o segundo alvo que deve ser combatido, possivelmente, utilizando-se do mesmo método, mas com Taiwan assumindo o lugar da Ucrânia, em mais uma guerra por procuração.    

Analisando cada um desses objetivos, vemos que a tentativa de abalar a Rússia se mostrou um grande “tiro no pé” dos americanos. As sanções impostas à nação russa geraram reações como a troca para o rublo a moeda de negociação nas vendas de petróleo e gás natural da Rússia, abandonando assim o dólar. Estamos passando dos “petrodólares”, que sempre mantiveram um certo “lastro” da economia americana, para os “petrorublos”! Só isso já foi suficiente para abalar a economia do mundo, incluindo a americana: a inflação é uma realidade. Um novo Swifit asiático, sistema eletrônico de trocas de dinheiro, está sendo desenvolvido pela Rússia, China e outros países asiáticos para substituir o atual, o que vai abalar ainda mais a hegemonia econômica ocidental. Os mandatários do sistema financeiro americano estão desesperados! Para completar, as sanções à Rússia elevaram os preços do petróleo e do gás no mundo. Os russos nunca ganharam tanto com a valorização do seu produto. Indiretamente, o ocidente está financiando os gastos da Rússia com a guerra.

Um segundo objetivo foi, temporariamente, alcançado, a guerra inviabilizou o Nord Stream 2, com o apoio da grande maioria dos políticos europeus, que nunca foram tão vassalos perante o império americano, se dispondo a pagarem mais pelo preço do petróleo e gás, ou mesmo ficando sem o produto, já que a Rússia deixou claro que, sem abertura de conta bancária em Moscou e pagamento em rublos, não haverá exportação desses recursos. Por outro lado, 25 companhias importadoras europeias já abriram suas contas em Moscou. Sem falar que estamos na primavera na Europa; vamos esperar para ver como, no outono, esses países vão se comportar. Tudo indica que o Nord Stream 2 deverá ser ativado em curto prazo.

O terceiro objetivo também está sendo bem-sucedido. O senado americano aprovou próximo de 40 bilhões de dólares como “ajuda” à Ucrânia, grande parte desse montante fica nas contas dos bilionários que mandam na indústria armamentista americana. Em contrapartida, eles enviarão mais armamentos para a Ucrânia, mesmo sabendo que parte será destruída por armamentos hipersônicos russos assim que adentrar o território ucraniano, já que a Rússia está monitorando esses carregamentos e possuem essa tecnologia que a OTAN está longe de possuir. É necessário também considerar que essa “ajuda” vai em breve se transformar em dívida ativa, comprometendo ainda mais a recuperação da Ucrânia. O resultado é que a indústria armamentista americana, com seu militarismo incontrolável, ganha um enorme presente. 

O quarto objetivo é o que mais gera preocupação. O império financeiro do ocidente, liderado pelos EUA, está disposto a tudo para assegurar sua hegemonia em ruínas. Com a queda de Mariupol e a tomada de grande parte do Dombass, provas vem à tona mostrando que lá havia laboratórios biológicos desenvolvendo armas biológicas para serem usadas contra os russos em algum momento e, mais do que isso, pasmem, os americanos estão financiando neonazistas na Ucrânia já há algum tempo! Depois de todo os estragos provocados pelos nazistas ao ocidente na segunda guerra mundial, com mais de 30 milhões de vítimas, vale tudo para assegurar a hegemonia do capital financeiro ocidental. Para alguns analistas, se são capazes disso, a aventura em uma guerra nuclear não pode ser descartada. Tais informações continuam sendo censuradas pela Mídia Corporativa Ocidental, que é patrocinada pelo mesmo capitalismo financeiro.

Tudo indica que, em poucos meses, todo o Donbass, leste da Ucrânia, e o sul, com a região de Mariupol e, possivelmente, a região de Odessa, devam ser tomados pelos russos, o que inviabilizaria o acesso da Ucrânia ao Mar Negro, criando uma nova região “autônoma” com o nome de “Nova Russia”. Esta conquista não só daria a vitória para a Rússia, como seria a decretação da derrota do sistema financeiro ocidental, liderado pelos EUA, que pode reagir de diferentes formas, incluindo as extremas. Nunca, neste século, a escalada de um grande conflito na Europa foi tão presente quanto agora.

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