O programa tem como objetivo aliar o desenvolvimento social das áreas rurais do Paraná com a redução das emissões de carbono usando processos sustentáveis de construção
O Governo do Paraná anunciou nesta quarta-feira (18) a elaboração de um programa de construção de casas sustentáveis para pessoas em vulnerabilidade no meio rural, como famílias de baixa renda, indígenas e quilombolas. A assinatura aconteceu no evento em comemoração aos 80 anos da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
O programa tem como objetivo aliar o desenvolvimento social das áreas rurais do Paraná com a redução das emissões de carbono usando processos sustentáveis de construção.
“Queremos desenhar um programa de moradias rurais que seja um indutor de desenvolvimento regional. Já temos o maior programa de habitação do Brasil, desenvolvido pela Cohapar, com mais de 90 mil famílias atendidas. Agora, queremos atender famílias em vulnerabilidade na zona rural, povos indígenas e quilombolas com estas casas de madeira sustentáveis”, afirmou o governador Ratinho Junior.
A madeira usada nas casas será oriunda de áreas da Seab que são usadas para reflorestamento, mas que estavam subutilizadas. O material será processado para transformação em madeira engenheirada, que é própria para construções civis de manejo sustentável e baixa emissão de carbono.
Atualmente, o Paraná tem 33 mil hectares de florestas plantadas em áreas do Estado. Deste total, 16 mil hectares são de áreas plantadas de pinos, sendo que 5 mil hectares já estão concedidos a empresas. A ideia do programa é que estas companhias paguem pela concessão com a construção das casas, entre outras iniciativas.
“Nós queremos transformar parte do ativo florestal concessionado para atender comunidades carentes. São casas destinadas exclusivamente para o ambiente rural que está em desequilíbrio ambiental”, afirmou o secretário da Agricultura e Abastecimento, Natalino Avance de Souza.
O programa de construção de casas, em um primeiro momento, está sendo modelado junto a uma das empresas que têm concessão para explorar as áreas de florestas plantadas do Estado, a Águia Florestal.
O protocolo assinado prevê que a empresa use uma técnica chamada de CLT (Cross Laminated Timber), em que lamelas de madeira coladas em camadas cruzadas oferecem resistência, estabilidade e eficiência acústica e térmica.
Potencial das casas sustentáveis
A cadeia da madeira no Paraná envolve um total de 1,17 milhão de hectares e representa 4,7% do Valor Bruto da Produção estadual. O Paraná ainda é responsável por 55% de toda a produção de madeira de pinus do Brasil, liderando as exportações de compensados, painéis e molduras de madeira do País.
A iniciativa faz parte de uma política pública que tem como finalidade fomentar práticas sustentáveis nas atividades florestais com foco no desenvolvimento local, principalmente em cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Municipal (IPDM), segundo o Ipardes.
“A construção de casas rurais é apenas uma das ideias de finalidade deste ativo que temos de florestas plantadas. Podemos aproveitar parte deste ativo ainda com turismo rural, para usinagem e outras finalidades que gerem desenvolvimento para algumas das áreas do Estado que mais precisam”, afirmou o diretor de Florestas Plantadas e Sustentabilidade da Seab, Breno de Menezes Campos.
Rio Grande do Sul
O projeto ainda está em fase de prova de conceito para que os modelos sejam validados. Depois disso, serão definidos, por exemplo, os tamanhos das casas, os parâmetros do programa e os critérios de destinação das residências.
No entanto, umas das primeiras definições é que as 100 primeiras casas sejam destinadas ao Rio Grande do Sul, para atender pessoas de comunidades rurais que foram afetadas pelas fortes chuvas que atingiram o Estado no começo do ano.
“Nós temos uma gratidão muito grande aos gaúchos, que foram muito importantes na colonização de parte do Paraná e que têm laços muito fortes conosco. Por isso, queremos seguir ajudando na reconstrução que o Rio Grande do Sul vem passando”, disse o governador Ratinho Junior.
A decisão dos locais e das pessoas que receberão este primeiro lote de casas será do Governo do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.
“O desastre que atingiu o Rio Grande do Sul foi de proporções gigantescas e atingiu, sobretudo, as áreas de produção agrícola do estado. Esta atividade é a mola propulsora da economia local, assim como acontece no Paraná, por isso agradecemos imensamente ao Governo do Paraná e ao governador Ratinho Junior por esta iniciativa”, afirmou o chefe de gabinete da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Joel Maraschin.
Fonte: Bem Paraná