Inquérito instaurado a partir de denúncia de funcionária contra Leonardo Yoshii foi concluído e remetido à Vara Criminal
A Polícia Civil indiciou o empresário Leonardo Makoto Yoshii, CEO da A.Yoshii Engenharia, por suposto cometimento de crime de assédio sexual contra uma funcionária da empresa. O fato foi denunciado na Delegacia da Mulher de Londrina no dia 23 de março, após o empresário levar a denunciante, contra sua vontade, para um motel na cidade de Cambé. Na sequência, foi remetido à delegacia de Cambé, local dos fatos.
De acordo com o relato da funcionária, na manhã daquele dia Yoshii a chamou para saírem da empresa a fim de discutir sobre algumas obras. Durante o trajeto, o empresário retirou o celular de suas mãos, colocando no console do veículo, e iniciou uma conversa sobre sua prática de “pole dance”, dizendo que gostaria de uma apresentação particular.
Em depoimento, a mulher relata ter dito por diversas vezes que não entraria no motel. Mesmo assim, o empresário entrou no estabelecimento e pediu um quarto. Quando parou o veículo na entrada do quarto e desceu, a denunciante aproveitou para recuperar seu celular e dirigir-se à portaria do motel em busca de ajuda. Lá ela se refugiou e ligou para parentes. O empresário, por sua vez, deixou o local.
Durante o inquérito, a polícia ouviu testemunhas, incluindo funcionários do motel, e juntou imagens de câmeras de segurança do estabelecimento.
No relatório, datado de 18 de abril e assinado pelo delegado Jayme José de Souza Filho, ao qual a Lume teve acesso, consta que “Pelos elementos de prova consubstanciados nestes autos, temos que o relato da vítima encontra consonância com as oitivas das primeiras pessoas que com ela mantiveram contato ainda no local dos fatos, sendo corroborado também pelo registro das imagens captadas pelo sistema de monitoramento eletrônico onde demonstra a exteriorização de seu comportamento, neste sentido, entendemos que restou demonstrado robustos indícios de autoria e materialidade com relação ao delito de assédio sexual”.
O relatório acrescenta que o empresário valeu-se da sua condição de superior hierárquico para constranger a vítima com intenção de obter “vantagem ou favorecimento sexual”.
Já em relação ao crime de importunação sexual, afirma a polícia, no relatório, não ter encontrado indícios, uma vez que “a prática de ‘ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia’ previsto neste tipo penal, não restou configurada”.
Empresário dá versão oposta
Em depoimento na fase de inquérito, Leonardo Yoshii afirmou que convidou a funcionária para visitar alguns empreendimentos e, durante o trajeto, ela teria iniciado a conversa sobre sua prática de “pole dance”, dizendo, inclusive, que poderia fazer uma apresentação para o empresário. A proposta, de acordo com ele, já havia sido feita em outra ocasião.
A parada no motel teria sido consentida pela denunciante e a fuga da mesma teria sido uma surpresa.
Contatada pela reportagem da Lume, a defesa do empresário, por meio de seu advogado, Walter Bittar, enviou nota em que questiona o vazamento do relatório e reafirma confiança no “esclarecimento dos fatos”.
“A defesa de Leonardo Yoshii está surpresa com o fato de que a imprensa local tomou conhecimento de relatório de inquérito policial, resguardado por sigilo legal, fato que é considerado crime pela legislação brasileira, e tomará as providências legais cabíveis. Entretanto, os esclarecimentos foram prestados e ainda há testemunhas que não foram ouvidas. O inquérito não foi encerrado e aguarda manifestação do Ministério Público. Reforçamos total confiança nas autoridades legais, para o esclarecimento dos fatos.”
Fonte: Rede Lume