Tomar banho diariamente nem sempre foi um hábito que fez parte da rotina dos seres humanos. Os primeiros relatos sobre o hábito de tomar banho diariamente datam de mais 3000 mil anos, entre os egípcios, que tomavam cerca de três banhos em um só dia. Para muitos especialistas o ritual acabou afugentando essa civilização de várias epidemias e pragas comuns à Antiguidade.
Gregos fizeram do banho um ritual e se limpavam para se sentirem confortáveis e mais atraentes. Já para os Romanos o banho era aquecido e comunitário, realizados nas Termas, um espaço com banhos, ginásios para prática de esportes, localizados junto aos bordéis, permitia sexo, tratamento médico e corte de cabelo em uma mesma visita. A limpeza era considerada uma virtude social.
Porém, por volta de 300 a.C houve uma mudança gradual dos hábitos de higiene. Um corpo limpo e uma roupa limpa passaram a ser sinônimos de uma alma suja e na Idade Média a sujeira tornou-se emblema cristão singular de santidade. A prática da “alousia” ou estado de nunca ter sido banhado fez de Agnes uma Santa, porque nunca tomou banho em seus treze anos de vida, já que “aquele que foi banhado em Cristo, não carece de outro banho”.
A norma era que os banhos fossem permitidos apenas duas vezes no ano, antes do Natal e da Páscoa, e que podiam ser oferecidos aos doentes tão frequentemente quanto necessário, mas não às pessoas saudáveis; e eles raramente deveriam ser permitidos aos jovens, em particular.
Com o fim da Idade Média e a organização da sociedade em feudos, as casas tornaram-se mais confortáveis e o banho passou a ser permitido. Mas a chegada da Peste Negra fez com que essa cultura retrocedesse novamente devido a um pensamento equivocado de que o excesso de banhos fazia os poros da pele se alargarem, tornando a pessoa mais propícia a ficar doente.
Após isso, foi preciso quase um século para que a prática voltasse a ser indicada como um hábito saudável, porém, com uma certa resistência porque “o banho, exceto por razões médicas, quando absolutamente necessário, não é somente supérfluo, mas muito prejudicial aos homens”.
A partir de 1800, com instalação de redes de esgotos e de água encanada, começam a surgir os chuveiros residenciais e por volta dos anos 1930 o banho era realizado apenas aos sábados, dia em que ocorria a troca de roupa íntima. Somente com a reconstrução dos países europeus, depois dos estragos da Segunda Guerra Mundial, foi que o banho passou a ser algo comum, com o aquecimento da água e a criação de chuveiros em praticamente todos os lares da Europa.
No Brasil, os povos originários que habitavam as terras brasileiras antes da chegada dos portugueses ao País foram os grandes responsáveis pela propagação dos hábitos de higiene, ainda presentes na nossa cultura. Eles tinham o costume de se depilar constantemente, cortar e lavar os cabelos.
O costume de tomar banhos diários também foi herdado dos povos indígenas, algo que era estranho aos portugueses durante o período do Brasil colônia. Até hoje o povo brasileiro é considerado como muito higiênico. Em nossa cultura, é comum tomarmos diversos banhos ao dia, além de termos outros cuidados de higiene, como escovar os dentes com frequência, uma ação de limpeza pessoal fundamental.
Se você gostou de saber um pouco sobre a história do banho, fique atento porque na minha próxima coluna eu vou dar dicas sobre banhos, que são importantes para a nossa saúde.
Texto: Dermatologista Dra. Lígia Márcia Martin