Demandas serão encaminhadas para etapas municipal, estadual e federal do evento que ocorrerão nos próximos meses
No último sábado (28), ocorreu a Pré-Conferência de Saúde, subsegmento dos Sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras e Centrais Sindicais. A reunião aconteceu no Sindicato dos Bancários de Londrina e Região e teve como finalidades discutir o Sistema Único de Saúde (SUS) e levantar propostas para a melhoria dos serviços ofertados.
Para Laurito Porto de Lira Filho, secretário de Formação do Sindicato de Londrina e integrante do Conselho Municipal de Saúde, a atividade cumpriu seu propósito de trazer mais conhecimentos para a categoria sobre a importância da política pública de saúde. Ele destaca o papel do SUS que não é restrito à atenção básica, desenvolvendo, entre outras ações, pesquisas de cunho científico fundamentais para mapeamento da saúde dos trabalhadores.
“Foi muito positivo. Cumprimos nosso principal objetivo que é despertar do pessoal da categoria bancária sobre a necessidade de debater a política pública em saúde e como ela os afeta diretamente, apesar de muitos acharem que não. Entender a dimensão do SUS, que não está disponível apenas para tratar de sintoma, tem outros aspectos, inclusive, da saúde do trabalhador, normas, atendimentos, estatísticas que podem ser consultados para produzir mais saúde”, afirma.
Filho conta que, com a presença de representantes do Coletivo de Sindicatos de Londrina, foram eleitos dez delegados que irão levar as demandas para as próximas etapas do evento em níveis municipal, estadual e federal. “Agora temos um trabalho que é fazer com que as propostas que elencamos sejam aprovadas também na Conferência dos usuários que será dia 11 de fevereiro. E depois com que a saúde dos trabalhadores seja encaminhada na Conferência Municipal subindo até chegar na etapa nacional”, indica.
Lenir de Assis, vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) também integrou a mesa. A liderança, avalia que este momento é marcado pela reconstrução das políticas públicas no país, após os retrocessos encampados pelos governos de Michel Temer (MDB), responsável pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), nº 55/2016, que congela os investimentos em gastos públicos por 20 anos, e de Jair Bolsonaro (PL), que cortou orçamento de iniciativas voltadas, principalmente, à população mais vulnerável, a exemplo do programa Farmácia Popular.
“É fundamental que os movimentos sociais, centrais sindicais, usuários participem. Nós lutamos muito nos últimos anos para a garantia da democracia e isso passa por garantir direitos e o SUS é um deles. Por isso que é fundamental debater as proposições da saúde em um momento em que nós perdemos recursos, programas, chegando a este cenário de uma população de mais de 30 milhões que passam fome, pessoas esperando há quase décadas por uma cirurgia, sem atendimento, isto ocasionado pelo desmonte da saúde pública no país”, ressalta.
Questionada sobre a polêmica envolvendo um aparelho de tomografia doado ao Hospital Universitário (HU) de Londrina, porém ainda não colocado à disposição da população, a parlamentar garantiu que o assunto está sendo averiguado e a partir da próxima semana, com a retomada das atividades na Câmara Municipal, irá solicitar a instalação imediata ou transferência para outro espaço a fim de que o serviço seja disponibilizado o mais breve.
“Já entramos em contato diversas vezes, a informação é que o HU recebeu este aparelho de tomografia na casa de R$ 2 milhões e que ainda não foi instalado justamente por falta de condições de adequação do espaço físico e contratação de profissionais. Mas isto, de fato, é algo que faz falta para a população. Sabemos que há pessoas que esperam por meses por este serviço”, pontua.
Assédio
Para Patrícia Lopes da Silva, gerente de relacionamento Itaú Uniclass, a reunião foi preponderante para trazer mais informações sobre o cenário político com ênfase nos serviços de saúde. Ela enfatiza o aumento dos casos de assédios diversos e adoecimentos psicológicos enfrentados pela classe e reforça a mediação do Sindicato a fim de que tais problemas sejam superados. No ano passado, Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, pediu demissão após uma série de denúncias de assédios moral e sexual repercutirem.
“Hoje, infelizmente, vemos muito casos de doenças físicas, emocionais, praticamente 90% dos bancários faz algum tipo de tratamento. É uma classe que está sendo adoecida cada dia mais por conta deste capitalismo selvagem que os bancos exercem sobre os seus trabalhadores. O assédio acarreta vários problemas físicos porque é psicossomático, o funcionário nem sabe que tem depressão, estresse pós-traumático, síndrome do pânico, então, ele vai trabalhar cansado. Às vezes desmaia na agência, tem compulsão alimentar e buscando informação, a gente descobre que a pessoa já está adoecida num grau altíssimo. O funcionário fica cada vez mais calado e mais adoecido”, observa.
Confira todas as propostas levantas pelo grupo, clicando aqui.
Próximas etapas
Nos dias 10 e 11 de março de 2023, acontece a 15ª Conferência Municipal de Saúde de Londrina. A atividade será sediada na Universidade Cesumar (UniCesumar). Poderão participar do evento toda população e instituições interessadas no aprimoramento das políticas de saúde.
Já a 17ª Conferência Nacional de Saúde cuja temática geral será: “Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia – Amanhã vai ser outro dia” será realizada de 2 a 5 de julho de 2023, em Brasília.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.