Resultados afastam Brasil da meta internacional para frear o avanço da obesidade até 2030
Uma avaliação de mais de cinco milhões e 700 mil crianças brasileiras mostrou que as taxas de sobrepeso e obesidade nessa população estão aumentando no país. O estudo comparou grupos de pessoas nascidas nos períodos de 2001 a 2007 e 2008 a 2014.
Os cálculos mostram que na faixa etária de 5 a 10 anos a prevalência da obesidade passou de 11,1% para 13,8% entre os meninos e de 9,1% para 11,2% entre as meninas. Entre crianças de 3 e 4 anos foram observadas altas de 4% para 4,5% nos meninos e de 3,6% para 3,9% nas meninas.
Publicada na The Lancet Regional Health – Americas, um dos mais importantes periódicos internacionais sobre saúde do mundo, a pesquisa ressalta que, embora a variação do índice de massa corporal (IMC) para pessoas nascidas após 2000 não seja excessiva, “a prevalência de sobrepeso e obesidade permaneceu alta e aumentou ainda mais durante um curto período”.
O texto cita o aumento do sedentarismo e as mudanças na dieta básica das famílias como fatores que podem estar diretamente relacionados ao cenário. O consumo crescente de ultraprocessados, com altas concentrações de carboidratos, gordura saturada, sal e açúcar está na lista, assim como questões sociais e econômicas.
“Crianças de famílias de baixa renda enfrentam maiores restrições no acesso a recreação e atividade física. A falta de segurança em algumas áreas urbanas pode inibir as atividades ao ar livre das crianças, preocupando os pais com a segurança de seus filhos. A pobreza e a violência nos bairros também são importantes fatores ambientais que impactam a atividade física ao ar livre das crianças”, pontua o estudo.
Os índices trazidos na pesquisa reforçam as conclusões de que o país acompanha uma tendência global de aumento da obesidade, desde a década de 1990. De lá para cá, em todo o mundo, ela mais que dobrou entre adultos e quadruplicou entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos de idade. Em 2022, as nações representadas na OMS assumiram compromisso para frear o avanço do cenário até 2030.
Altura também aumentou
Os dados levantados apontaram ainda que a trajetória de altura infantil aumentou 1 centímetro entre os dois períodos observados. Ao contrário da prevalência de sobrepeso e obesidade, esse dado é uma boa notícia.
De acordo com a pesquisa, “uma estatura mais alta está associada a melhores resultados de saúde, como uma menor probabilidade de doenças cardíacas e derrames e maior longevidade”, ressalta o estudo. Segundo o texto, o avanço na altura das crianças está ligado ao desenvolvimento econômico e social.
“No Brasil, houve melhoria nas condições sociais, sanitárias e de saúde, como redução da pobreza e da fertilidade, aumento da escolaridade materna, expansão da urbanização, melhoria no acesso à água potável e saneamento. A implementação de políticas e programas nacionais de 1990 a 2015 após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988 para melhorar os serviços de atenção à saúde materno-infantil contribuíram para a melhoria da saúde infantil no Brasil.”
A publicação foi realizada por um grupo de pesquisa do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London.
Fonte: Brasil de Fato