Dentro e fora da Alep, população se manifestou de forma contrária
Em uma sessão movimentada, com as galerias da Assembleia Legislativa (Alep) lotadas, deputados do Paraná aprovaram, em primeira votação, o projeto que, na prática, irá privatizar a Copel. Foram 38 votos favoráveis e 14 contrários. A segunda votação será em sessão extraordinária, nesta quinta (24).
Nas galerias da Alep, manifestantes vaiaram e gritaram “vergonha”, “bandidos” e “Rato mentiroso” ao final da votação, empunhando cartazes com a frase “a Copel é nossa”. Diante da forte manifestação, a sessão teve que ser suspensa por alguns minutos.
Enviado à Alep pelo governador Ratinho Junior (PSD) em regime de urgência, o Projeto de Lei (PL) pretende transformar a Companhia Paranaense de Energia em uma companhia de capital disperso e sem acionista controlador.
Deputados da oposição fizeram fortes críticas ao projeto do governo, ressaltando a falta de diálogo com a população e a falta de documentos que comprovem a necessidade de venda da companhia.
“O governo do estado é acionista majoritário, detém 69,7% das ações ordinárias, que são as que votam. Praticamente 70% da decisão dos destinos da Copel é tomada pelo governo, ele está reduzindo para 10%, entregando 90% para o mercado”, alertou o deputado Professor Lemos.
O deputado Tadeu Veneri (PT) apontou a falta de lógica na proposta de venda da empresa, uma vez que o governo do Paraná não está em déficit financeiro. “Qual é a lógica? O governo não está precisando de dinheiro, tanto que teve um superávit no ano passado. A Copel não é deficitária”, afirmou.
Estelionato eleitoral
Deputados contrários ao projeto reafirmaram por diversas vezes o “estelionato eleitoral” feito por Ratinho Junior, uma vez que prometeu, em campanha, que não venderia a companhia paranaense.
A deputada Mabel Canto (PSDB) relembrou tal compromisso, expondo ao microfone do púlpito a fala de Ratinho Junior em campanha. “Firmo esse compromisso: a Copel vai continuar sendo dos paranaenses”, dizia o então candidato à reeleição.
Após a exposição do áudio de Ratinho, os manifestantes nas galerias gritaram “Rato mentiroso”.
“A principal razão que nós temos é justamente essa: era um compromisso do governador que não venderia a Copel. Então quer dizer que a palavra do governador não vale nada?”, questionou Canto.
Deputados da oposição pontuaram, ao longo da sessão, que consideram inconstitucional o projeto de Ratinho Junior e irão tentar barrá-lo em todas as instâncias cabíveis.
Fonte: Redação Brasil de Fato