Ainda no domingo (8), o Partido dos Trabalhadores (PT) do Paraná lançou um número de WhatsApp para o envio de denúncias sobre possíveis envolvidos direta ou indiretamente nos atos de extrema direita ocorridos em Brasília – e classificados como “terroristas” e “golpistas” em declaração conjunta dos chefes dos Três Poderes da República dada na segunda-feira (9).
Pouco menos de 48 horas depois da divulgação do canal, a sigla recebeu 2.100 relatos até ao meio-dia desta terça-feira (10), conforme o presidente do PT no Paraná, deputado estadual Arilson Chiorato. Segundo ele, as informações são “as mais diversas” e têm como base registros de conversas através de aplicativos de mensagens, publicações em redes sociais e vídeos.
De acordo com Chiorato, as denúncias também abrangem paranaenses que teriam ajudado a bancar as despesas de quem se deslocou até a capital federal. Os dados, conforme o petista, têm sido “planilhados” para que, “entre quinta e sexta-feira” desta semana, sejam enviados “às autoridades cabíveis” – entre elas, o Ministério Público e a Polícia Federal (PF).
“É importante lembrar que tem muita gente envolvida que nem tem ideia do que aconteceu lá, mas tem muita gente que foi ciente do que fez. O que a gente precisa agora é estancar a criminosa minoria do bolsonarismo radical. Também não podemos colocar que todos que votaram no Bolsonaro estão batendo palmas para isso. Muito pelo contrário: a maioria deles está contra o que ocorreu no domingo”, comentou o presidente estadual do PT.
Justiça já recebeu 30 mil denúncias
Já em âmbito nacional, o Ministério da Justiça e Segurança Pública recebeu somente na segunda-feira (9) cerca de 30 mil denúncias de possíveis participantes e financiadores dos atos de vandalismo contra as sedes dos Três Poderes. Os relatos foram enviados ao e-mail denuncia@mj.gov.br, criado no domingo pela pasta comandada por Flávio Dino. As informações estão sendo analisadas pelo órgão. Segundo o ministro, já foram identificados financiadores oriundos de dez estados, mas Dino não detalhou quantos seriam, em quais estados e a quais grupos seriam ligados.
Paraná mandou 23 ônibus
O Paraná é o segundo estado do Brasil com mais ônibus presentes em Brasília no episódio do último domingo. Foram 23, conforme um levantamento da Agência Pública baseado em informações da Polícia Federal. Londrina, com cinco veículos, é a cidade do estado com mais ônibus enviados. São Paulo lidera: 31 ônibus registrados no estado vizinho viajaram à capital federal para participar do ato bolsonarista.
Até as 18h desta terça-feira (10), 412 detidos por envolvimento na ação extremista já haviam sido encaminhados ao sistema prisional do Distrito Federal. São 293 homens e 119 mulheres. As informações constam em uma relação pública que, ainda em processo de atualização, tem sido divulgada no site da Secretaria de Administração Penitenciária do DF. A FOLHA procurou o órgão para saber os estados de origem dos presos, mas a secretaria alegou que não está divulgando dados de naturalidade do grupo.
Ao mesmo tempo, em nota publicada às 15h35 desta terça-feira, a PF informou que, até aquele momento, 527 pessoas haviam sido detidas pela corporação para, posteriormente, serem transferidas para prisões do Distrito Federal.
MANIFESTAÇÕES
Lideranças locais também seguem se manifestando em relação ao movimento extremista que culminou na depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. Em nota enviada no início da noite de segunda-feira (9), o presidente da Câmara Municipal de Londrina (CML), Emanoel Gomes (Republicanos), afirmou repudiar o episódio. “Atos de vandalismo não podem ser incentivados sob qualquer hipótese”, declarou em nota distribuída pela assessoria de comunicação do Legislativo. Segundo o vereador, “os protestos podem ser feitos de forma democrática e pacífica, respeitando as leis e as instituições”.
Já a Sociedade Rural do Paraná, em nota divulgada nesta terça-feira (10), tornou público que “lamenta e repudia” o ocorrido na capital federal. “Toda e qualquer forma de violência fere os efeitos de ordem e progresso de nossa democracia”, argumentou a SRP, que também considerou “infundadas e precipitadas” as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação ao setor que, conforme a nota, “é formado por trabalhadores que buscam maneiras para atuar em sintonia com a preservação do meio ambiente, a manutenção da biodiversidade e da sustentabilidade”.
Ainda no domingo, ao saber do episódio de violência em Brasília, Lula disse que o “agronegócio maldoso […], aquele que usa agrotóxicos sem nenhum respeito para a saúde humana, possivelmente também estava lá”.
Fonte: Redação Folha de Londrina