Segundo o levantamento do Dieese, os trabalhadores da indústria, serviços (87%) e comércio (76,5%) tiveram aumentos acima da inflação
O “Boletim de Olho nas Negociações” nº 46, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) demonstra que “negociar é preciso”, principalmente os reajustes salariais intermediados pelos sindicatos em convenções e acordos de trabalho. Por isso, um sindicato forte se torna uma voz potente quando senta à mesa com os patrões para defender os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
A prova disso está nos números do boletim do Dieese divulgado nessa segunda-feira (22). Segundo a entidade, 87,8% das negociações de reajustes salariais referentes à data-base de junho superaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE). Este resultado, mensurado até a data de 8 de julho, representa uma continuidade positiva, pois esta é a sétima vez consecutiva que mais de 80% das categorias alcançaram ganhos salariais acima da inflação nesse período.
Variação real e média dos reajustes
Essa estabilidade em níveis elevados contrasta com o cenário observado no segundo semestre de 2023, quando houve uma deterioração nos resultados das negociações entre agosto e novembro. A variação média dos reajustes de junho foi de 1,67%, superior aos registrados nos demais meses do ano, com exceção de maio e janeiro.
Reajustes parcelados
O percentual de negociações que adotaram o parcelamento dos reajustes salariais continua baixo: apenas 1,1% usou essa forma de pagamento. Cabe lembrar que os reajustes parcelados são mais frequentes em períodos de alta inflacionária. Só para lembrar, o governo há tempos vem controlando a inflação e conseguindo índices interessantes para o desenvolvimento econômico do país. O último dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que a inflação nos seis primeiros meses do ano está em 2,48% e, nos últimos 12 meses, 4,23%.
Reajustes escalonados
Os reajustes escalonados, aqueles com valores pagos conforme a faixa salarial do trabalhador ou tamanho da empresa, foram observados em 8,8% dos casos analisados. A frequência desse tipo de reajuste tem diminuído desde abril de 2024.
Distribuição dos reajustes em 2024
Ao considerar o primeiro semestre de 2024, o Dieese destaca que aproximadamente 86% das 6.728 negociações analisadas resultaram em aumentos salariais acima do INPC, enquanto 11% igualaram a inflação e 3% ficaram abaixo do indicador de preços. Isso evidencia um panorama inicial favorável para o ano, com uma variação real média de 1,59% nos reajustes salariais.
Resultados por setor econômico
Setorialmente, tanto na indústria quanto no setor de serviços, onde foram registradas 2.055 e 3.449 negociações de reajustes, respectivamente, os ganhos reais salariais foram observados em 87% dos casos. No comércio, que contou com 827 negociações, 76,5% dos ajustes superaram a inflação.
Os dados também revelam que o setor de comércio teve a menor incidência de reajustes sem perdas inflacionárias, com 21,4%, seguido pela indústria (9,6%) e pelos serviços (9,2%). Quanto aos ajustes abaixo do INPC, 3,3% ocorreram na indústria, 3,2% nos serviços e 2,1% no comércio, indicando variações dentro de um contexto setorial específico.
Leia aqui o boletim completo do Dieese
Fonte: CUT Brasil