É o terceiro caso registrado em atividades da Secretaria de Esportes este ano; APP cobra do governo fortalecimento de políticas de combate ao racismo
No último domingo (18), um torcedor foi preso em flagrante por crime de racismo, após atacar uma jogadora de vôlei com ofensas racistas. O caso ocorreu durante os Jogos Abertos do Paraná (Japs), em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba (PR).
Conforme informações da Polícia Militar do Paraná (PM-PR), o crime ocorreu durante a partida entre o time de Colombo e Campo Largo. A APP-Sindicato repudia o ocorrido e enfatiza que atos como esse mostram a necessidade de fortalecer o debate sobre discriminação racial nas escolas e a promoção da igualdade racial entre os pares.
“Nós da APP nos solidarizamos com a atleta que sofreu com esse caso de racismo. Precisamos conscientizar toda a população para construirmos uma sociedade antirracista”, enfatiza a secretária de Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial da APP-Sindicato, Celina Wotkoski.
Em nota, a Secretaria Estadual de Esportes se solidarizou com a vítima e confirmou que diligências estão sendo feitas para apurar o caso. O homem deve responder pelo crime de injúria racial, que tem pena equiparada ao crime de racismo, com pena de dois a cinco anos de prisão, sem direito a fiança.
Casos semelhantes em jogos escolares
Longe de ser isolado, outros três casos de grande repercussão ocorreram em abril deste ano em atividades organizadas pelo governo do Paraná, na etapa municipal dos Jogos Escolares, em Paranavaí.
No primeiro caso, torcedores do Colégio Paroquial desferiram ofensas de cunho racista a atletas do Colégio Estadual Flauzina Dias. Expressões como “macaco” e “favelados”, foram utilizadas.
O segundo, no dia seguinte, envolveu atletas dos colégios Nobel e Paroquial. “Torcedores(as)” de ambas as equipes dispararam ofensas relacionadas à cor da pele e à condição social, periférica e física dos(as) estudantes da escola pública.
Já o terceiro registro ocorreu com estudantes do Colégio Estadual Padre Montóia, de Jardim Olinda. Na ocasião, atletas da equipe de futsal feminino da unidade sofreram com ofensas de teor racista, aporofóbico e xenofóbico.
“Recebi prints e vi no twitter elas falando da nossa cidade com frases como ‘time de roceiro’ e ‘jardim de flores murchas e podres’”, relatou uma das atletas negras de Jardim Olinda, de 16 anos. Há também tuítes com as frases “o meu cabelo é natural” e “nosso cabelo tem um alto valor”. “Logo percebi que era pra mim, pois sou a única do time que tem cabelo crespo”, explicou.
Educação é fundamental
As manifestações de racismo nos jogos escolares revelam a escassez de políticas e práticas pedagógicas voltadas ao tema racial nas escolas e de respostas do Estado às repetidas ocorrências.
Tratam-se de situações inadmissíveis em qualquer cenário, em especial nos jogos escolares, que deveriam ser marcados pelos valores de solidariedade e comunhão do espírito esportivo.
A secretária de Combate ao Racismo da APP enfatiza ainda que a educação é peça fundamental na desconstrução do racismo. A lei 10.639 que visa valorizar a cultura Afro-Brasileiras e Africana nas escolas é uma das ferramentas para atuar nessa frente.
“A educação é um grande pilar da nossa sociedade, por isso precisamos intensificar a cobrança para que a lei 10.639 seja respeitada”, complementa Celina.
Fonte: APP-Sindicato