Ao que tudo indica, o governador Ratinho Júnior (PSD) não irá abrir mão tão fácil do espólio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Paraná. Indiciado pela Polícia Federal (PF) pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa, Bolsonaro segue sendo o preferido de Ratinho Jr. para disputar a presidência da República em 2028.
Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (26) durante abertura da 3ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais das Polícias Militares, em Foz do Iguaçu, o governador minimizou o conteúdo das acusações e ignorou a conclusão do inquérito finalizado pela PF no âmbito da Operação Contragolpe, já encaminhado pelo ministro Alexandre de Moraes para apreciação pela Procuradoria Geral da República (PGR).
O documento, com mais de 850 páginas, detalha a participação de Bolsonaro e de outros 36 suspeitos de tramar a derrubada do governo eleito em 2022, além do assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
“É muito difícil fazer juízo de valor daquilo que apenas sai pela imprensa, que já é muito importante, não tenha dúvida. Mas eu acho que, por enquanto, não tem nada. Fica inalterado porque só terá uma conclusão lá na frente. Depois que tudo isso for analisado, o inquérito fechado e julgado pela Justiça”, tergiversou o governador que, nos bastidores, busca cacifar seu nome rumo ao Palácio do Planalto às próximas eleições majoritárias.
Também neste ano, a PF já indiciou Bolsonaro em outros dois supostos esquemas: de fraude em cartões de vacinação e de vendas de joias desviadas do acervo presidencial. Somadas, as penas máximas dos crimes pelos quais o ex-presidente responderá nos três casos chegam a 68 anos de prisão.
Questionado sobre como sua política de alianças para 2026 poderia ser impactada caso Bolsonaro venha a ser condenado pelos crimes que fatalmente responderá perante o Supremo Tribunal Federal (STF), Ratinho Jr. defendeu o aliado.
“Não alteraria em nada. Esperamos que isso não aconteça. Todo mundo sabe que tenho uma boa relação com o presidente Bolsonaro, acho que seria importante a candidatura dele, inclusive para presidente. Os partidos vão se organizar. Cada um vai ter seus nomes a escolher ou alianças a buscar. E eu vou esperar, obviamente, o meu”, afirmou.
Contra a impunidade
Momentos antes da entrevista coletiva, em fala dirigida aos comandantes das Polícias Militares do país, Ratinho Júnior definiu a legislação penal brasileira como “mamão com açúcar” e destacou a necessidade de penas mais severas para criminosos. “O nosso problema no Brasil não é o policiamento, o problema do Brasil é a impunidade, é a lei, temos leis brandas, leis fracas, leis mamão com açúcar para o bandido”, disse.
De acordo com o governador, é preciso mobilizar o Congresso Nacional para que o Governo Federal seja convencido a modernizar a legislação penal. “Porque hoje, lamentavelmente, nós estamos trabalhando muito, as nossas polícias trabalham muito, enfrentam muito, mas, infelizmente, a lei acaba soltando”, finalizou.
Fonte: Jornal Plural