No dia 14 de agosto de 2023, a Companhia Paranaense de Energia, a Copel, uma das empresas públicas mais lucrativas do Paraná, se tornou uma corporação. Cinco meses depois da cerimônia na B3, em São Paulo, a precarização dos serviços já é percebida e sentida em todas as regiões do Paraná. O sorriso largo do governador Ratinho Jr., registrado em fotos e vídeos na Bolsa de Valores, se contradiz com a preocupação enraizada no rosto daqueles que amargam mais de 24 horas sem energia elétrica.
Essa situação, alertada por copelianos e copelianas durante as audiências públicas, que acontecerem em diversas regiões paranaenses, infelizmente, se torna verdade em menos de seis meses após a privatização. Nos últimos dois meses, recebi reclamações de consumidores de todo o Paraná, expondo a precarização sistêmica implantada na Copel. Uma verdadeira preparação para entregar a companhia para o mercado com o argumento de que a entrega da Copel aumentaria a competitividade no setor elétrico brasileiro e, assim, beneficiaria o consumidor paranaense. Balela.
Diferente do argumento criado pelo marketing para o mercado, o que vemos é o paranaense se virando com velas e lanternas, com comida estragando na geladeira e, aqueles com situação grave de saúde, que precisam de respiradores, em alerta diante do risco iminente de perder a vida. A situação alarmante denunciada por toda imprensa de Curitiba e região metropolitana nesta semana só confirma o seguinte: alguns serviços não podem e não devem ser privatizados.
Quando o Governo do Paraná deixou de ser o acionista controlador da Copel, as empresas GQG Partners LLC. e a LSV Asset Management – ambas gestoras americanas de investimentos – entraram em cena. Será que essas gestoras estão preocupadas com os curitibanos? Aliás, será que sabem quem são os curitibanos? Suspeito que não. Assim como não devem saber o nome dos municípios do interior nem do litoral paranaense, que sofrem com essa situação há tempos.
Infelizmente, a falta de sensibilidade do Governo Ratinho Jr. colocou o Paraná neste cenário sem perspectivas de melhora. Sem pessimismo, mas o que dizer de São Paulo desde que a Enel assumiu o setor? O que dizer de países que estatizaram e depois retomaram o serviço ao perceber que as empresas privadas priorizaram o lucro e os serviços ficaram mais caros e ruins? Como exemplo, vou citar um levantamento que encontrei no site Uol sobre serviços reestatizados pelo mundo, entre eles, a energia elétrica: Alemanha (348 reestatizações), França (152), Estados Unidos (67), Reino Unido (65) e Espanha (56).
O Paraná, infelizmente, não será uma exceção no mundo das privatizações. Porém, ainda nos cabe denunciar essas situações e pedir a reestatização de empresas públicas estratégicas, como a Copel. Acorda, governador! Não deixe o Paraná no escuro!