Além de definir plano de lutas e estratégias, intenção é estreitar diálogo com a base em diferentes regiões do estado
Neste sábado (29) acontece assembleia estadual do SindSaúde-PR (Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público da Saúde e da Previdência do Estado do Paraná). O primeiro encontro estadual da categoria em 2025 será em Londrina, no Hotel Thomasi, localizado na Avenida Tiradentes, nº 1.155, Jardim Shangri-lá, a partir das 8h.
Gilson Luiz Pereira Filho, técnico de enfermagem e diretor do SindSaúde-PR, explica que retomar a realização de assembleias descentralizadas é um desejo que acompanha a entidade há algum tempo.
Na avaliação da liderança, organizar as assembleias em diferentes cidades e regiões do estado, contribui para a participação daqueles trabalhadores que por diferentes motivos, como o excesso da carga de trabalho, não conseguem se deslocar à capital paranaense. Além disso, segundo ele, a intenção é aprofundar o conhecimento sobre as diferentes realidades de trabalho enfrentadas pelos servidores.
“Londrina vai ser a primeira assembleia descentralizada que nós vamos fazer esse ano, mas a intenção é oportunizar a participação das pessoas que têm dificuldade de se deslocar para Curitiba. E também fazer um intercâmbio entre as realidades, entre os locais de trabalho. Então, essa descentralização da nossa assembleia é um ponto muito importante que a nossa gestão tem tentado se aproximar cada vez mais dos locais de trabalho, das realidades individuais de cada região do estado”, afirma.
Entre as pautas, o SindSaúde-PR realizará a prestação de contas (setembro a novembro de 2024) juntamente a apresentação de um relatório geral de atividades políticas e sindicais travadas no último ano. Ainda, serão definidas a pauta de reivindicações de 2025 e as estratégias de negociação.
As principais demandas da categoria são o pagamento da data-base, melhores condições de trabalho e novos concursos públicos com quantidade de vagas que atenda o déficit de servidores estimado em pelo menos 5 mil profissionais.
“Como a gente tem pensado e feito a estratégia na aproximação tanto com a Secretaria Estadual de Saúde quanto com o governo do estado com relação a reajuste salarial, situações dos locais de trabalho, questões estruturais, contratações de novos trabalhadores”, sinaliza.

A revisão da GAS (Gratificação de Atividade em Saúde), garantia concedida aos servidores da saúde visto o caráter insalubre e com risco de vida das atividades que desenvolvem, também é uma das solicitações. Os valores estão desatualizados em 52%.
“É um momento de apresentar as pautas e as necessidades da nossa categoria. Saber dos locais de trabalho, de situações específicas, as impressões deles com relação às negociações, quais ações que a gente vai promover, quais alternativas e estratégias nós temos para avançar com as pautas, principalmente, da campanha salarial com relação a data-base, o reajuste da gratificação de atividade em saúde e o reajuste da tabela do fundamental, que são pautas relacionadas às questões financeiras que a gente tem percorrido nesse início de ano na campanha salarial”, ele complementa.
Conforme informado pelo Portal Verdade, no início deste mês, lideranças do SindSaúde-PR se reuniram com o diretor-geral da Casa Civil, Maiquel Zimann, e o secretário de Saúde, Beto Preto, para apresentar demandas que se arrastam há pelo menos dois anos. Após o encontro, os representantes do Palácio do Iguaçu ficaram de dar respostas sobre as solicitações apresentadas pelo Sindicato (relembre aqui).

Memorial da Covid-19
Gilson também compartilha que, durante o encontro, será inaugurado um memorial da Covid-19. A intenção é apresentar depoimentos de trabalhadores da rede estadual de saúde que atuaram no combate à pandemia, reforçando a importância destes profissionais bem como homenageando aqueles que perderam a vida por estarem na linha de frente.
“Neste ano de 2025 a pandemia de Covid-19 completa cinco anos, foi um momento muito difícil para os nossos trabalhadores, muito difícil para a nossa sociedade, para toda a população e nós fizemos uma campanha para que os trabalhadores apresentassem relatos das suas experiências durante a pandemia”, diz.
Programação
A programação inicia com um café da manhã, seguido da apresentação das pautas, debates e deliberações. O sindicalista reforça a importância da participação de toda a categoria.
“Nós teremos presença de caravanas de várias partes do estado. Então, será um momento muito importante, muito especial para a categoria em Londrina. Também para a direção local para poder promover essa atividade, mais próximos dos locais de trabalho, mais próximos das pessoas que têm alguma limitação ou pela própria rotina de trabalho não consegue se deslocar para Curitiba. A gente espera que seja um momento de bastante debate, de grande participação e que seja uma oportunidade para as pessoas que nunca foram numa assembleia, conhecerem a assembleia em Londrina, no seu local de trabalho e na sua cidade”, evidencia.
Londrina é a segunda região com o maior número de filiados, ficando atrás apenas de Curitiba. Além disso, a 17ª Regional de Saúde de Londrina é composta por 21 municípios, ou seja, congrega trabalhadores da cidade, também de Alvorada do Sul, Assaí, Bela Vista do Paraíso, Cafeara, Cambé, Centenário do Sul, Florestópolis, Guaraci, Ibiporã, Jaguapitã, Jataizinho, Lupionópolis, Miraselva, Pitangueiras, Porecatu, Prado Ferreira, Primeiro de Maio, Rolândia, Sertanópolis e Tamarana.
“Nós somos um sindicato estadual com sede administrativa em Curitiba, mas temos servidores espalhados no estado todo. Então, a nossa expectativa é que gere uma experiência de aproximação com essa base, que está pulverizada no estado, que por vezes está sobrecarregada com a carga de trabalho, com os cuidados com a família, com a casa, com a sobrevivência”, adverte.
“Possibilitar essa participação próxima à casa, na cidade de alguns trabalhadores, isso aumenta bastante a nossa expectativa quanto à participação e também para que os trabalhadores tenham a experiência dessa construção coletiva, conheça como as decisões dos sindicatos são tomadas, as questões econômicas, como isso é organizado através das prestações de contas, apresentem perspectivas, sugestões, pautas, indicações de pautas, isso para nós é muito importante. ”, acrescenta.
Inscrições
As inscrições para a assembleia serão realizadas na entrada do evento, momento em que também será entregue um cartão para votação. “O ideal é chegar um pouco antes para poder fazer esse processo de inscrição antes de iniciar a assembleia. E reitero também a participação importantíssima da base, da classe trabalhadora de Londrina e do estado todo, para que a gente possa juntos construir essa luta e de fato trilhar um caminho que seja o que há categoria espera e precisa”, conclui.

Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.