SindSaúde prevê a continuidade das terceirizações em locais que ficarão sem reposição
Recentemente, o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, em resposta ao MPT-PR (Ministério Público do Trabalho) sobre a falta de servidores, anunciou que será aberto novo concurso que prevê a contratação de 452 servidores para a área no estado. A fala provocou a insatisfação do SindSaúde (Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Público da Saúde e da Previdência do Estado do Paraná) que alega uma defasagem de pelo menos 3.500 trabalhadores.
Para Giordano Pedro de Oliveira, coordenador geral do SindSaúde “a diferença do que o governo anunciou para o que realmente foi divulgado das vagas é, no mínimo, uma provocação. A categoria fica desolada diante da falta de pessoal nos locais de trabalho que já perdura anos e esse anúncio é totalmente insuficiente dos números de vagas”, alerta.
Ratinho Júnior (PSD) iniciou seu primeiro mandato, em 2018, com 7.736 funcionários no quadro da saúde, o que já representava um número menor do que o necessário, que seria de 11.000 trabalhadores. Atualmente, o número de servidores ativos baixou para 6.485.
O vácuo deixado pela falta dos profissionais concursados está sendo preenchido por funcionários terceirizados oriundos de empresas privadas contratadas por meio da FUNEAS (Fundação Estatal De Atenção Em Saúde Do Estado Do Paraná).
“O governo Ratinho Júnior e o seu secretário da Saúde, Beto Preto, sabem detalhadamente sobre a falta de servidores públicos para operacionalizar a política de saúde no âmbito da SESA [Secretaria da Saúde do Estado do Paraná]”, assegura Giordano que critica também o aumento da terceirização no setor.
“Por opção política e para beneficiar interesses estranhos a boa eficiência do serviço público, optam por terceirizar serviços essenciais tanto em atividades meio (administração e gestão, manutenção, infraestrutura, alimentação, higienização, lavanderia, copas, lactários) como também as atividades fim como o trabalho da enfermagem, da equipe multiprofissional, dos médicos”, afirma.
Outro ponto relevante é onde ficarão alocados os servidores contratados pelo concurso, que ainda não possui data para ser realizado. Devido à grande defasagem entre a quantidade de vagas anunciadas e o número de trabalhadores necessários, é improvável que os novos colaboradores consigam cobrir todas as regiões que sofrem com a falta de profissionais.
“As vagas anunciadas no concurso da Secretaria de Saúde, segundo o próprio chefe do RH [Recursos Humanos] da SESA, Maiquel Rodrigues Martins, serão direcionadas mais para os níveis central de gestão e regionais de saúde. Desta forma interpretamos que os hospitais, ambulatórios, unidades da rede Hemepar [Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná] ficarão sem reposição”, observa o sindicalista.
Ainda, a liderança alega que esses lugares que continuarão sem servidores, terão as vagas preenchidas pelos trabalhadores terceirizados que “sofrem com contratos precários, alta rotatividade, ameaças de demissões sumárias. Isso impacta muito na continuidade dos serviços, no vínculo que os serviços devem estabelecer com a comunidade e com os usuários do SUS [Sistema Único de Saúde]”, ressalta.
Convidada a se manifestar sobre o concurso e sobre as críticas do Sindicato, a Secretaria de Saúde do Estado respondeu por e-mail à reportagem que “o assunto está em discussão”.
*Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.