Na última sexta-feira (25), servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se mobilizaram em frente à Agência da Previdência Social no Jardim Shangri-lá, zona Oeste de Londrina, a fim de chamar a atenção do público para a greve que já ultrapassa três meses. Com 108 dias de paralisação, os trabalhadores buscam reajuste salarial, reestruturação das carreiras, jornada de 30 horas semanais e, sobretudo, enfrentamento do assédio moral institucional.
O movimento, que teve início em julho, representa a insatisfação da categoria com a postura do governo federal, que dificultou as negociações tanto dentro do INSS quanto nos Ministérios da Previdência e da Gestão e Inovação em Serviços Públicos. Em uma tentativa de reabrir o diálogo, os servidores têm se reunido com parlamentares e ampliado articulações, especialmente diante de ameaças.
Recentemente, a presidência do INSS, sob o comando de Alessandro Stefanutto, intensificou a pressão sobre os grevistas, orientando os gestores a substituírem o registro de “código de greve” nos controles de frequência por “falta injustificada”.
Segundo Viviane Peres, assistente social e integrante da FENASPS (Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), a decisão trouxe apreensão entre os servidores.
“Tivemos pela terceira vez o presidente [Stefanutto] emitindo um ofício circular, agora, os trabalhadores enfrentam ameaças de corte de ponto e abertura de processos administrativos disciplinares, com risco de demissão para aqueles que acumularem mais de trinta dias de faltas injustificadas. Essas medidas atacam diretamente o direito de greve e prejudicam servidores que apenas buscam condições dignas de trabalho”, explica Peres.
A FENASPS já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para questionar medidas adotadas pelo presidente do INSS e tem orientado seus sindicatos a denunciar práticas antissindicais ao Ministério Público do Trabalho e ao Ministério Público Federal. Ao longo da paralisação, a Federação rejeitou acordos considerados insuficientes, assinados por outras entidades representativas.
Embora as agências em Londrina tenham mantido o atendimento durante a greve, com o suporte de equipes terceirizadas e chefias, os servidores afirmam que a atual estrutura é insuficiente para assegurar um atendimento de qualidade aos cidadãos. Enquanto isso, os sindicatos têm pressionado para que a pauta seja retomada, considerando o desgaste causado pela escassez de profissionais em atividade.
Na reunião mais recente, que ocorreu no dia 30, representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS/CUT) cobraram a criação de uma Mesa Setorial para discutir as demandas. O primeiro encontro da Mesa foi marcado para o próximo dia 6 de novembro, com a expectativa de que, além das condições de trabalho, a agenda inclua a formação do Comitê Gestor da Carreira do Seguro Social, prevista no acordo firmado após a greve de 2015 e reforçada na atual paralisação.
Matéria da estagiária Joyce Keli sob supervisão.