TECPUC não terá mais cursos de ensino médio, técnicos e profissionalizantes a partir de 2024. Comunicado revoltou pais e alunos
O TECPUC anunciou o fechamento de suas portas no Paraná. Vinculada ao grupo Marista, da Universidade Católica do estado (PUCPR), a instituição emitiu um comunicado nesta segunda-feira (18) em que confirma a descontinuidade de todos os cursos de ensino médio, técnicos e profissionalizantes ofertados a partir de 2024. O encerramento afeta, inclusive, alunos já matriculados, o que tem gerado uma onda de mobilização de pais e estudantes.
Somente nos 1º e 2º ano de ensino médio são atendidos atualmente 370 alunos – cujos pais já começaram a temer mudanças.
Um dos principais receios dos familiares é o impacto na aprendizagem nesta reta final do ano relacionado a uma possível uma quebra na rotina pedagógica. O sindicato representante dos professores da rede particular de ensino do Paraná, Sinpropar, já fez rodadas de negociações para manter docentes pelo menos até dezembro. A entidade foi oficiada da decisão no último dia 12 de setembro, e alunos e pais, nesta segunda, em reunião geral.
À imprensa, o TECPUC afirmou ter decidido pelo fim das atividades “após extenso estudo”, embora a nota não tenha elencado os motivos considerados. Os editais para as turmas ingressantes no ano letivo de 2023 foram publicados normalmente.
“A instituição lamenta o encerramento das atividades e informa que ao longo de sua existência, o TECPUC atuou na formação de jovens hoje aptos a desenvolver-se profissionalmente”, diz o texto. “A instituição valoriza a dedicação e o comprometimento dos envolvidos e acredita que os frutos desse trabalho serão colhidos por um longo tempo, tornando a missão de educar transformadora para todos que participaram desta caminhada”.
O Plural apurou que, em clima de revolta, mães e pais já começaram a se reunir para discutir a situação, apontada por muitos deles como “falta de planejamento” e “desrespeito às famílias”. A maior indignação é com o rompimento da continuidade dos estudos – tanto para matriculados nos cursos técnicos quanto nos profissionalizantes. Estudantes do ensino médio, por exemplo, devem perder materiais adquiridos a custos bastante elevados. No sistema do TECPUC, apostilas eram adquiridas para o ciclo completo já no primeiro ano dos cursos, que agregam ao currículo básico disciplinas profissionalizantes, A modalidade ganhou força no Brasil e era uma das referências da instituição do grupo Marista.
Nos últimos dez anos, de acordo com o Ministério da Educação (MEC), o quadro de cursos de ensino médio técnico integrado cresceu 77% no Paraná, passando de 32.749 em 2012 para 58.143 no ano passado. Mas as turmas se concentram massivamente na rede de escolas públicas, impulsionadas pela reforma do Ensino Médio. Agora, o Colégio Sesi será a única instituição privada que terá a oferta de ensino médio integrado em Curitiba. De acordo com familiares, o TECPUC adiantou uma parceria com o Sesi para remanejar os alunos, mas a escola não comentou a respeito. Em aviso direcionado especificamente à comunidade, a instituição se colocou à disposição “para quaisquer dúvidas” e disponibilizou horário para reuniões privadas.
No TECPUC, o ensino médio integrado era ofertado nas áreas de Informática e Administração, a uma mensalidade de R$ 1.103 e R$ 1.051, respectivamente. O custo mensal do regular era de R$ 883. A mensalidade dos técnicos (enfermagem, mecânica e mecatrônica) variava de R$ 591 e R$ 668, e dos profissionalizantes (desenvolvedor de computação gráfica, desenvolvedor de sistemas e instrumentação cirúrgica), entre R$ 249 e R$ 736.
Professores
A nota do TECPUC informou ainda que os “colaboradores impactados já foram informados e estão recebendo suporte neste momento”. O Sinpropar afirmou ao Plural ter entrado em negociação com a instituição desde que foi comunicada do encerramento das atividades, negociando a condição dos 44 docentes hoje vinculados às turmas do ensino médio.
Segundo Lineu Ferreira Ribas, presidente da entidade, estabeleceu-se a possibilidade de remanejamento destes profissionais para outras unidades do grupo, mas nem todas as vagas foram garantidas. “Nem todos os profissionais têm essa possibilidade, vão poder ser reaproveitados, mas nós trabalhamos para tentar ampliar essa garantia”, disse.
O acordo fechado estabelecerá aos profissionais dispensados, além dos valores previstos por lei, direito a uma remuneração extra indenizatório equivalente ao salário e mais três meses de plano de saúde com cobertura bancada integralmente pelo grupo.
Fonte: Jornal Plural