Os funcionários terceirizados que atuam na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) ganham em média 30% dos valores repassados à empresa Adservi Administradora de Serviços, contratada em 2022 para fornecer mão de obra nas áreas de asseio, conservação, manutenção, auxílio administrativo e informática.
A denúncia foi feita pelo deputado Renato Freitas (PT), na sessão do dia 14 de setembro. O valor do contrato da Alep com a Adservi é de R$ 8.996.795,42 por ano (R$ 746.692,64 por mês) e vale até 1º dezembro. A sede da empresa é em São José (SC).
Segundo Renato Freitas, o salário de um garçom da Alep é de R$ 1.330, enquanto o repasse previsto para a Adservi pela função é de R$ 4.053,71. Já uma servente de limpeza receberia cerca de R$ 1.100 por mês, com uma repasse mensal de R$ 3.942,02 para a empresa.
“São aqueles que dão condições para que nós consigamos exercer o ofício de deputado, pessoas que para muitos parecem ser invisíveis nessa Casa. Fiquei absolutamente estarrecido em saber que a ‘tia da limpeza’ recebe R$ 1.100 por mês, é hiper explorada por nós deputados, mas sobretudo pela empresa terceirizada, que recebe quase R$ 4 mil por mês”, afirmou Renato Freitas.
De acordo com o deputado, o lucro da empresa chega a 70% com a terceirização dos serviços. “Falam sobre os encargos e que a vida de empresário não é fácil. Os encargos são de 30%, 34%, são menores que a taxa de lucro, que é de 70% em cima de cada funcionário. Um salário de R$ 1.330 para quem paga aluguel, para quem adoece e precisa comprar remédios, para quem tem filho a na escola, para quem planeja uma viagem ou sonha em comprar uma casa própria. É uma vergonha, um ultraje”.
O contrato prevê a contratação de 47 serventes de limpeza, a um custo de R$ 3.934,02 cada – por mês, a Alep repassa R$ 184.898,94 para a empresa pela prestação do serviço. Levando-se em conta o salário revelado por Renato Freitas, só com essas contratações a empresa lucraria cerca de R$ 133 mil (mais que o dobro pago em salários, aproximadamente R$ 51,7 mil).
Para ter os serviços dos seis garçons previstos no contrato, a Alep repassa R$ 24.322,26 por mês para a Adservi. O lucro chegaria a R$ 16,3 mil.
“E quem assina essa injustiça, senão a presidência dessa Casa, com a anuência de todos os deputados? No horário nobre prometem a melhoria de vida dos trabalhadores que não conhecem, enquanto humilham e exploram os trabalhadores conhecidos. Hipócritas”, diz Freitas.
O contrato também prevê o fornecimento de mão de obra não exclusiva, para serviços específicos. A lavagem de 150 metros quadrados de tapetes persa, por exemplo, custa R$ 7.272 por ano aos cofres públicos. Já o serviço de limpeza higienização de poltronas Luiz XV Capitonê com revestimento em tecido” custa R$ 1.103,76. Também é prevista a limpeza de sofás e tapetes e dos carpetes do plenário e do plenarinho. O valor pago anualmente pelos serviços “não exclusivos” é de R$ 36.483,74.
Veja os valores unitários pagos para cada cargo:
Supervisor – R$ 6.877,77
Encarregado – R$ 4.581,26
Servente de Limpeza – R$ 3.934,02
Servente de Limpeza Hospitalar – R$ 5.059,03
Servente Limpador de Vidros – R$ 4.907,18
Auxiliar de serviços gerais – R$ 3.835,10
Copeira – R$ 3.953,25
Auxiliar de Almoxarifado – R$ 3.770,31
Auxiliar de Manutenção – R$ 3.783,20
Marceneiro Nível II – R$ 5.469,15
Jardineiro – R$ 4.211,36
Operador de Máquina Costal – R$ 4.766,67
Manobrista/Garagista – R$ 4.257,75
Mestre de Cerimônias – R$ 7.516,91
Porteiro – R$ 4.730,51
Recepcionista – R$ 4.257,57
Auxiliar Administrativo – R$ 4.195,95
Ascensorista – R$ 3.985,67
Telefonista – R$ 3.985,67
Técnico em Segurança do Trabalho – R$ 5.657,03
Secretária Executiva – R$ 7.634,98
Garçom – R$ 4.053,71
Carpinteiro – R$ 5.469,15
Eletricista – R$ 6.826,89
Encanador – R$ 5.448,77
Pedreiro – R$ 5.426,06
Técnico em Refrigeração Predial – R$ 5.436,11
Técnico em Elétrica – R$ 5.446,68
Motorista – R$ 4.843,04
Designer Gráfico – R$ 4.197,78
Técnico em Manutenção em Rede Lógica e Voz – R$ 6.679,47
Técnico em Informática Sênior – R$ 5.746,36
Enfermeiro – R$ 10.012,71
Fonte: Jornal Plural