A UEL (Universidade Estadual de Londrina) anunciou na noite desta segunda-feira (28) o cancelamento do edital que reservava até 100% das vagas de residência médica para candidatos pretos, pardos e PcDs (Pessoas com Deficiência). A anulação foi solicitada pelos diversos estudantes afetados pelo cálculo das vagas que, em algumas especialidades, excluía a participação daqueles que não se enquadravam em nenhuma cota.
A universidade, por meio de nota à imprensa, ressaltou que a decisão foi tomada após recomendação da PJU (Procuradoria Jurídica), que apontou a necessidade de ajustes no certame.
Também foi divulgado nesta segunda um novo cronograma de inscrições, uma nova data de provas e o prazo para divulgação do resultado final do processo. Novos editais de seleção para as residências serão divulgados no próximo dia 5 de novembro.
A UEL garante que os candidatos não sofrerão qualquer prejuízo, podendo, inclusive, aproveitar a inscrição já feita antes.
Alexandre Bissoli, graduando do 6º ano de Medicina, concorrente a uma das vagas de residência e um dos coordenadores dos demais alunos comemorou a decisão.
“Expressamos nossa felicidade pela resposta positiva da universidade diante de nossa luta por um processo seletivo íntegro, razoável e que assegura a livre concorrência. Ficaremos sempre vigilantes diante dos próximos editais, que seja garantido a devolução dos valores de inscrição daqueles que se sentiram lesados, e o processo seja justo para todos os participantes”, disse, em entrevista ao Portal Bonde nesta terça-feira (29).
A UEL expressou que tem “compromisso em garantir o direito à ampla concorrência de todos os inscritos”. Também pontuou que é “pioneira na implantação de cotas raciais e sociais na graduação, há 20 anos, tendo implantado em 2021 as ações afirmativas, com reserva de vagas nos cursos de mestrado e doutorado”.
Entenda o ocorrido
O edital de distribuição de vagas para residência médica na UEL foi publicado na segunda-feira (21) e causou revolta entre os estudantes de Medicina da universidade. Algumas especialidades oferecidas não estavam disponíveis para ampla concorrência, apenas para candidatos pretos, pardos e PcDs (Pessoas com Deficiência).
A distribuição só foi explicada, por meio de um novo edital, cerca de um mês após o fim das inscrições. A falta de transparência levou diversos estudantes esperançosos pelas vagas a pagarem a inscrição de R$ 692. Eles souberam só depois que não tinham direito às oportunidades.
As vagas disponíveis para especialização em Psiquiatria, Dermatologia, Oftalmologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo, de acordo com o edital anulado, só poderiam ser ocupadas por pessoas que se adequassem a alguma cota. Psiquiatria e Dermatologia, por exemplo, eram as especialidades mais concorridas da residência, com 134 e 115 inscritos, respectivamente, para 3 vagas disponíveis para cada, todas, até então, destinadas a estudantes pretos ou pardos (1 vaga) e PcDs (2 vagas).
Fonte: Portal Bonde