Integrando a agenda nacional de mobilização em defesa da democracia e eleições livres, a população de Londrina também saiu as ruas nesta quinta-feira (11). O ato “11AUNIFICOU”, promovido por movimentos sociais, sindicatos, partidos progressistas, convocou a sociedade para o combate ao autoritarismo, escalada de violências, precarização dos serviços públicos.
Os manifestantes encontraram-se às 17h no Calçadão de Londrina. No local, organizadores do evento e lideranças locais discursaram chamando atenção para os ataques ao sistema eleitoral proferidos por Jair Bolsonaro (PL) e aliados. Outro tema muito recorrente nas falas foi o aumento do custo de vida, condição que atinge, principalmente, a classe trabalhadora e mais vulnerável ao aumento da inflação que já ultrapassou dois dígitos.
Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) Brasil ainda tem uma inflação acumulada em 12 meses de 10,07%. É a quarta maior taxa do G20, grupo dos 19 países mais ricos.
“A democracia é o direito de todos poderem falar, todos poderem participar das decisões da cidade, do estado e do país. Precisamos continuar lutando para que ela exista”, afirmou Laurito Filho, diretor de informação do Sindicato dos Bancários de Londrina e região.
Na data que também marca o Dia do Estudante, Stela Pinheiro, presidenta do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) reforçou a contrariedade do alunado à militarização das escolas e a Lei Geral das Universidades (LGU), responsável por sucatear ainda mais as instituições de ensino superior públicas no Paraná.
Estudantes secundaristas da Escola Itinerante Semeando Saber, localizada no acampamento Zilda Arns, município de Florestópolis, ressaltaram a necessidade de revogação da reforma do ensino médio e outros projetos que precarizam a educação básica no país. Outros grupos também compareceram a exemplo da Frente Feminista de Londrina, União Nacional dos Estudantes (UNE), Coletivo de Sindicatos de Londrina, Levante Popular da Juventude, Movimento Sem-Terra (MST).
Após concentração iniciada às 17h, os manifestantes saíram em caminhada pelo centro até o Cine Teatro Verde, onde apresentações artísticas encerraram a mobilização cerca de 19h30. Durante o trajeto, foram entoados gritos de ordem, cartazes e faixas críticos ao governo federal e a gestão Ratinho Júnior (PSD). Os presentes também buscaram dialogar com os moradores da região que acompanharam o cortejo de seus prédios.
Levantamento do Brasil de Fato, identificou pelo menos 86 atos em 49 cidades, incluindo 26 capitais e o Distrito Federal. Nas redes sociais, a expressão “Bolsonaro sai democracia fica” ficou em primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Twitter.
Leitura da Carta aos brasileiros na UEL
Também nesta quinta-feira (11), a Comissão em Defesa da Democracia, vinculada ao Conselho Universitário (CU), organizou a leitura da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, iniciativa criada pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). O documento, inspirado na Carta aos Brasileiros de 1977 (texto criado em repúdio à ditadura militar), já conta com mais de 830 mil assinaturas.
Em entrevista do Portal Verdade, Sérgio de Carvalho, professor do Departamento de Ciências Econômicas e reitor na Instituição até junho de 2022, pontuou que a finalidade do ato na UEL é demarcar a defesa do Estado Democrático de Direito, das garantias e liberdades previstas na Constituição Federal de 1988 pela Instituição. “A leitura da Carta, na verdade, é o povo brasileiro dizendo que quem vai às urnas agora é a Constituição”.
De manhã, a leitura o documento ocorreu na praça do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA) pelo professor do Departamento de Comunicação, Reginaldo Moreira. À noite, no gramado do Centro de Letras e Ciências Humanas, a responsável pela leitura foi Ângela Maria de Sousa Lima, docente do Departamento de Ciências Sociais.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.