Entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) recebe a terceira edição do Encontro de Estudos sobre Orientalismos e Colonialismos na Comunicação e no Audiovisual (OCCA).
O evento deste ano, que estava inicialmente planejado para 2025, foi antecipado devido a necessidade de discutir os 60 anos do golpe empresarial militar de 1964. O objetivo é chamar atenção para as múltiplas violências que marcaram o período, seus reflexos e formas de articulação para combater as opressões.
A programação inclui roda de conversa, exibição de filme, espetáculo teatral e lançamento de livro, abordando temas como raça, etnia e gênero sob uma perspectiva decolonial. O encontro, também debate como a ditadura impactou diferentes grupos sociais, especialmente, aqueles historicamente silenciados.
“Estamos trazendo debates sobre corpos que foram marginalizados e oprimidos durante a ditadura, mas que, infelizmente, ainda sofrem violências semelhantes até hoje. Muitos desses corpos continuam sendo torturados, de alguma forma, na nossa sociedade atual”, destaca a professora do Departamento de Comunicação da UEL e coordenadora do evento, Márcia Neme Buzalaf.
Outro destaque é a exibição do filme Resplendor, que será exibido hoje na escola da Terra Indígena de São Jerônimo. A escolha de exibir o filme nesse contexto reforça o compromisso do OCCA em aproximar os debates dos próprios territórios, rompendo com os muros da universidade.
“Esse filme traz uma história difícil de encarar, mas essencial para compreendermos a violência sofrida pelos povos indígenas durante a ditadura. Pouco se fala sobre essa relação, além da construção da Transamazônica, mas a violência e a opressão foram implacáveis”, explica a professora.
A programação segue com atividades que abordam a resistência de corpos LGBTQIA+, incluindo o espetáculo Dancing Cuir, que acontece no dia 31 de outubro. O encerramento do evento, no dia 1º de novembro, será marcado pelo lançamento do livro Fabulações Queer: Crônicas para um Mundo Possível, de autoria do também professor de Comunicação, Régis Moreira.
“O livro foi produzido durante a pandemia e traz crônicas sobre a violência e a resistência de corpos queer em um mundo que, muitas vezes, os rejeita. É uma forma de mostrar que esses corpos são, sim, possíveis e têm muito a dizer sobre nossa sociedade e sobre o futuro que queremos construir”, ressalta Buzalaf.
O OCCA é uma realização do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom) em parceria com os grupos de pesquisa e extensão DECO (Decolonialidades na Comunicação) e Entretons.
O encontro é gratuito e aberto ao público. Para mais informações, confira no Instagram oficial do evento.
Matéria da estagiária Joyce Keli sob supervisão.