Evento é gratuito e busca incentivar reconhecimento das estéticas e culturas negras junto às crianças
Amanhã (sábado, 22) o Coletivo Black Divas e a Marcha do Orgulho Negro, realizam a 4ª edição do “Crespinhos”. O encontro artístico-cultural, organizado desde 2019 em Londrina, é voltado para crianças de três a 12 anos e busca promover formas de empoderamento frente ao racismo. O evento acontece no Serviço Social do Comércio (Sesc), localizado na rua Fernando de Noronha, nº 264, centro da cidade, a partir das 13h30.
Sandra Aguillera, coordenadora do Coletivo Black Divas, ressalta que finalidade pedagógica do evento ao ofertar ações que visam à valorização cultural e estética da população negra. “Para que as crianças possam entender que é possível enfrentar o preconceito, que elas não estão aqui para aceitas, mas que devem ser respeitadas”, afirma.
A programação que, contempla oficinas sobre tranças, penteados, maquiagem afro, desenho, pintura, dança, contação de histórias e brincadeiras, transcorre até às 18h30. Aguillera pontua que a atração é gratuita, porém é necessário inscrição prévia, visto que os participantes irão receber camisetas e lanche. Para mais informações sobre a inscrição é necessário entrar em contato com o Instagram do Coletivo Black Divas.
“No nosso país, o racismo é relacionado a questões fenotípicas, como a tonalidade da pele, as formas corporais, os traços faciais, a textura do cabelo”, avalia Aguilerra. Para a liderança, o debate das desigualdades étnico-raciais deve ser diário a fim de romper com estereótipos e ao mesmo tempo contribuir para o reconhecimento da identidade.
“Nós precisamos mostrar para as crianças negras que elas são tão lindas como crianças de outras etnias e culturas. Que os nossos cabelos não são maltratados. É na educação infantil, que elas sofrem racismo, as crianças não nascem odiando e nem amando, elas não nascem racistas, a sociedade que inseri isso nelas”, assinala.
Aguilerra pontua o desafio de desconstruir visões estigmatizadas das culturas africanas e afro-brasileiras, responsáveis por, na maioria das vezes, associar tais culturas a vulnerabilidade e perigo. “As crianças precisam saber que vieram de uma tradição heroica. Que o Egito é negro, o continente africano, antes da escravização dos nossos pares, já tinha histórias. Assim, elas adquirem autoconfiança, conseguem debater o racismo de forma qualificada, conseguem se colocar. E mais uma vez lembrar que a criança negra não está aqui para ser aceita, mas respeitada”, reforça.
Serviço
4ª edição Crespinhos Londrina
Data: 22/10/2022
Horário: 13h30 às 18h30
Local: Sesc – Rua Fernando de Noronha, nº 264 – Centro
Necessário inscrição prévia
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.