Imagens de apreensão do estojo na mochila do assessor do ex-ministro Bento Albuquerque e a documentação com as tentativas do governo Bolsonaro de reaver os objetos serão analisadas
BRASÍLIA – Auditores da Receita Federal terão uma reunião nesta segunda-feira, 06, com representantes do Ministério Público Federal para tratar do caso da tentativa do governo Bolsonaro de entrar no Brasil com joias de valor milionário sem declarar na alfândega do aeroporto de Guarulhos em São Paulo.
As imagens da apreensão do momento de retenção das joias na chamada zona primária da alfândega serão analisadas, assim como a documentação da sequência de tentativas de agentes do governo Bolsonaro para reaver as joias. A A zona primária é onde a bagagem dos passageiros que desembarcaram no aeroporto são revistadas após seleção dos auditores.
As imagens e outras documentações reunidas pela Receita já foram entregues ao Ministério Público para investigação, segundo apurou o Estadão. Elas mostram, em som audível, a tentativa do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, de reaver as joias dizendo que elas eram da primeira-dama Michele Bolsonaro.
As joias estavam na bagagem de um militar, assessor de Bento Albuquerque, Marcos André dos Santos Soeiro, que foi selecionado para passar pela revista após afirmar que não tinha nada a declarar.
Após o caso ser revelado pelo Estadão, Bento em entrevista disse que trazia na sua bagagem outro pacote. O ex-ministro também poderá responder por esses bens não declarados, já que admitiu publicamente que outros itens estavam na sua bagagem.
Análise de Risco
A Receita Federal conta com um sistema de análise de risco para a seleção do passageiro que passará pela revista. Há uma análise prévia de todo o voo vindo do exterior, antes dele pousar em território brasileiro. As imagens da zona primária ficam gravadas por cento por 180 dias. No caso de fatos relevantes, as imagens são guardadas, como foi o das joias. Como mostrou o Estadão, as joias retidas não foram a leilão e estão guardadas num dos cofres da Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.
Um dos pontos considerados mais graves por auditores ouvidos pela reportagem foi o envio de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para pressionar pela devolução do conjunto de joias, mesmo sabendo que não havia documentação para a liberação da mercadoria apreendida. Chamou atenção também dos auditores o governo ter enviado o avião faltando poucos dias para o fim do mandato do ex-presidente Bolsonaro, após terem “abandonado” o material mais de um ano depois da apreensão.
Fonte: Estadão