Valdenir Aparecido de Almeida será julgado hoje, a partir das 9h, por crime contra Tânia Maria Silva Rocha cometido em 2014
Vai a júri popular nesta quarta-feira (12), em Londrina, Valdenir Aparecido de Almeida, acusado de tentar matar a facadas a ex-esposa, Tânia Maria Silva Rocha, em 2014. O crime aconteceu antes da promulgação da Lei do Feminicídio (Lei 13.104/2015), por isso, o homem foi denunciado por tentativa de homicídio, com as agravantes de motivo torpe, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e valendo-se de relação íntima.
O julgamento do caso deveria ter ocorrido em novembro, mas foi adiado para esta quarta e pode ser acompanhado pelo Youtube do Tribunal de Justiça do Paraná, a partir das 9h.
Néias-Observatório de Feminicídios Londrina produziu um informe sobre o caso de Tânia no qual ressalta a lentidão da justiça e suas consequências para a vítima:
“O julgamento de Valdenir ocorre quase uma década após o feminicídio tentado de Tânia. Quais feridas esta mulher foi obrigada a carregar e curar sozinha durante esse período? Que medos sentiu? De quantas coisas abriu mão por insegurança? Néias acredita que justiça que tarda, falha.”
“Notamos que o advento da Lei do Feminicídio, em 2015, tornou possível uma análise mais célere dessa violência brutal contra mulheres. E entendemos que dar respostas rápidas é uma das obrigações da sociedade para com essas mulheres, a quem não conseguimos proteger.”, pontua a organização em outro trecho.
O Observatório destaca, ainda, outras características do crime contra Tânia comuns aos feminicídios, tentados ou consumados.
“A maior parte dos casos analisados por Néias-Observatório de Feminicídios Londrina desde a sua fundação, em abril de 2021, até o momento, mostra que os feminicídios, tentados ou consumados, ocorrem quando a mulher rompe ou tenta romper um relacionamento. Tânia não foge desta regra. Após um relacionamento de cerca de 21 anos, já separada, ela não se viu livre da ira de seu ex-companheiro, Valdenir, que a tinha como sua posse, e foi covardemente agredida a golpes de faca. A interferência de populares impediu a consumação do crime, conforme denúncia do MP. Também quanto à arma utilizada, o caso de Tânia se enquadra como um feminicídio padrão, já que a faca perfaz o instrumento utilizado nesses crimes em 40% dos casos analisados por Néias.”
Defesa pede desclassificação do crime
No decurso do processo, conforme levantamento do Observatório de Feminicídio, a defesa de Valdenir Aparecido de Almeida alegou não haver provas da autoria do crime e pediu sua absolvição sumária. Alternativamente, pediu a desclassificação do crime de tentativa de homicídio para o de lesão corporal leve. Requereu, ainda, a exclusão das qualificadoras.
Fonte: Rede Lume