O jovem Ismael Moray Flores, de 19 anos, foi morto na madrugada de sexta-feira (28), durante abordagem da Polícia Militar do Paraná no bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu. Nesta nesta terça-feira (02), a PM informou que a vítima não portava arma de fogo no momento da ocorrência. De acordo com familiares, Ismael estava a caminho de casa quando foi surpreendido pela ação de policiais em perseguição a suspeitos de assalto que fugiam numa motocicleta.
“A única coisa que nós queremos é justiça pela vida do Ismael. O que fizeram com meu genro é totalmente injusto. Ele era um menino trabalhador, não tinha envolvimento nenhum com o crime. Ele foi morto covardemente com cinco tiros”, critica Andreia Mendes, sogra da vítima.
Segundo a PM, uma viatura foi acionada após registro de assalto. O Boletim de Ocorrência (B.O.) pontua que alguns indivíduos foram vistos fugindo do local e que “apontaram armas de fogo em direção aos policiais sendo revidada a injusta agressão por parte dos policiais”.
Em imagens gravadas por câmeras de segurança é possível observar Ismael momentos antes de ser morto. O jovem caminha sozinho em uma rua. Em seguida, ao virar uma esquina, Ismael se depara com uma motocicleta ocupada por suspeitos de um assalto fugindo de uma viatura da PM. Ao pararem o veículo, o piloto se rende e o outro indivíduo foge em direção ao caminho seguido por Ismael, instantes antes.
As imagens não gravaram a abordagem que terminou com a morte de Ismael e do suspeito que tentou fugir. A PM sustenta em sua versão que o indivíduo que tentou fugir fez menção a atirar nos policiais, que revidaram.
Segundo informações do Instituto Médico-Legal (IML), Ismael foi morto por cinco disparos de arma de fogo. Um atingiu a cervical e saiu em seu rosto, outros quatro foram no tórax, atingindo um dos ombros e axilas. O suspeito do assalto, de 25 anos, também foi morto. Ele usava uma tornozeleira eletrônica, segundo a PM.
Ainda de acordo com a PM, sete policiais envolvidos na ação passaram por uma avaliação psicológica, foram afastados e tiveram as armas apreendidas. O procedimento é padrão em situações de confronto. Eles devem permanecer afastados até a conclusão do inquérito militar que foi instaurado.
Protesto
Ao final da tarde desta terça-feira, amigos e familiares de Ismael percorreram a avenida General Meira, no bairro Porto Meira, até a entrada do 14º Batalhão da Polícia Militar. Munidos com cartazes e gritando por justiça, o grupo protestou contra a violência policial que ceifou a vida do jovem.
“A vida do Ismael não vai voltar nunca mais. Não podemos aceitar que a polícia continue atirando para matar nossos jovens para depois perguntar quem são. Ninguém tem o direito de chegar atirando como se a vida não tivesse nenhum valor”, criticou uma amiga de Ismael, que pediu para não ter seu nome divulgado.
Os familiares da vítima aguardam o resultado do inquérito policial que apura o caso. O prazo é de 30 dias para a conclusão.
Fonte: Brasil de Fato