Nesta semana, ocorreram duas reuniões importantes para os rumos das negociações referentes ao pagamento da data-base e mudanças do plano de carreira dos servidores técnico-administrativos vinculados às instituições de ensino superior públicas no Paraná.
Conforme informado pelo Portal Verdade, na última terça-feira (9), representantes dos Sindicatos Unificados, composto por técnicos e professores das universidades estaduais, se reuniram com o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), Aldo Bona (acompanhe boletim aqui).
De acordo com Marcelo Seabra, presidente Sindicato dos Técnicos-Administrativos da Universidade Estadual de Londrina (ASSUEL), o encontro tratou de reivindicação apresentada por agentes universitários operacionais acerca da tabela salarial. Os trabalhadores solicitam que os valores comunicados pela gestão de Ratinho Júnior (PSD) sejam revistos.
“Eles avaliaram que o valor é muito pequeno e por conta disso foi criada uma nova tabela e entregue ao secretário. Ele recebeu bem, se comprometeu a encaminhar e agora precisaremos aguardar os próximos passos para saber se ela será aprovada ou não”, conta.
Reposição anunciada é ainda menor
Já na quarta-feira (10), o diálogo foi com o líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) deputado Hussein Bakri (PSD) e com o diretor geral da Casa Civil, Luciano Borges. A atividade foi organizada pelo Fórum das Entidades Sindicais (FES) e discutiu o pagamento da reposição salarial devido ao funcionalismo público.
Sem reajuste desde 2016, a categoria enfrenta defasagem de 42%. No final de março, o Palácio do Iguaçu anunciou reajuste geral de 5,79% para cerca de 271 mil servidores ativos e inativos no estado. A porcentagem considera a inflação acumulada nos últimos 12 meses. A declaração causou espanto e revolta entre os servidores, já que não foi previamente discutida. Além disso, a taxa informada é sete vezes inferior a atual dívida do governo com os trabalhadores.
“O governo apresentou um índice de 5,79%, que nós consideramos insuficiente, visto que as perdas salariais já alcançam 42%. São sete anos sem reposição, então, nós pedimos esta reunião com o líder do governo, na esperança de que pudesse ser uma proposta diferente”, pontua Seabra.
Segundo a liderança, o índice anunciado pelo chefe do Executivo estadual seria ainda menor, pois o mandatário está considerando para o cálculo percentual de 3,39% conquistado pela categoria após ação movida em 2017.
“Fizemos acordo que foi encaminhado para ALEP, aprovado, mas o governo cumpriu parcialmente. Nós entramos com ação na Justiça em 2017 e o resultado foi que o governo perdeu. Agora, ele quer inserir este percentual de 3,39% no cálculo do 5,79%, ou seja, na prática, ele estaria concedendo uma reposição salarial de somente 2,4% dos 42% que ele nos deve”, ressalta.
Momento é de tentar avançar nas negociações
Desde o último dia 8 de maio, professores da UEL deflagraram greve. Em assembleia nesta quinta-feira (11), os docentes aprovaram a continuidade da paralisação, visto o silenciamento do governador. Nesta semana, o professorado da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) também aprovaram a suspensão das aulas.
Seabra pontua que, a ASSUEL está acompanhando as articulações conduzidas pelo FES junto ao governo, e buscando avançar nas negociações. Deste modo, ele salienta que, por enquanto não há previsão de que os servidores técnico-administrativos venham aderir à greve, porém caso o diálogo não ocorra e uma nova proposta não seja levantada pelo Centro Cívico, os servidores não descartam a possibilidade de paralisar as atividades.
“Ainda existe espaço para negociação, há o compromisso do líder do governo de encaminhar uma contraproposta. Mas se persistir esta postura intransigente, se não houver negociação, é possível que futuramente, juntamente com as demais categorias, a gente possa entrar em greve, mas isso vai depender muito de uma avaliação feita conjuntamente com os outros sindicatos. No momento, a gente está aguardando para ver se consegue ter êxito nas negociações”, finaliza.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.