A dermatite de contato ou eczema de contato é uma inflamação da pele que acontece após a exposição às substâncias capazes de causar irritação ou alergia. Quando a dermatite de contato ocorre ou se agrava pela exposição a substâncias irritantes presentes no ambiente de trabalho ela é chamada de dermatite de contato ocupacional. Embora subdiagnosticadas, elas afetam a saúde, a produtividade e a remuneração dos trabalhadores, sendo a principal doença ocupacional no Brasil, impactando grandemente o Sistema Único de Saúde (SUS).
Existem dois tipos principais de dermatite de contato ocupacional: a dermatite de contato por irritação e a dermatite de contato alérgica.
A dermatite de contato irritativa é a forma mais comum e está restrita a áreas do corpo em contato com substâncias irritantes e relacionada à frequência e duração da exposição. Algumas dessas substâncias são extremamente irritantes e provocam alterações na pele em poucos minutos, ao passo que outras são menos irritantes ou requerem um tempo de exposição mais prolongado.
Caracteriza-se pelo surgimento de lesões nos locais do corpo onde houve contato com a substância irritante. Elas podem aparecer imediatamente ou de forma gradual. Atinge principalmente as mãos, antebraços, pescoço, face e pernas. Em geral, começam com vermelhidão, inchaço, bolhas e, às vezes coceira. Com o tempo, a pele pode ficar mais grossa e ter descamação e rachaduras.
As profissões mais atingidas envolvem os profissionais com atividades úmidas ou exposição a substâncias sensibilizantes e irritantes, como trabalhadores da limpeza, lavadores de carros, trabalhadores da saúde.
A dermatite de contato alérgica, geralmente é causada por substâncias em baixas concentrações, é uma reação do sistema imunológico do corpo a uma substância que esteve em contato com a pele.
Aqui as lesões também aparecem em locais onde não houve contato direto e apresentam coceira, além de vermelhidão, inchaço e formação de vesículas. Com o tempo ocorre a descamação da pele. A alergia pode ocorrer repentinamente, mesmo após anos de contato normal com a substância. Os trabalhadores mais atingidos são os da construção civil, cabeleireiros e pintores.
O diagnóstico deve ser feito pelo médico do trabalho, clínico geral ou dermatologista de acordo com a história ocupacional, relação entre o início do quadro e o período de exposição, correlação entre localização das lesões e contato, melhoria com o afastamento e piora quando do retorno ao trabalho e a exposição. Às vezes se faz necessário a realização de teste de contato para diagnóstico e identificação da substância causadora.
O tratamento varia de acordo com a substância responsável pela doença e gravidade dos sintomas e os medicamentos devem ser prescritos pelo médico. Além disso, pode ser recomendado o afastamento do trabalho ou readequação de função dentro da empresa até que os sinais e sintomas da dermatite tenham sido tratados. O uso de equipamentos de proteção e prevenção, que devem ser fornecidos pela empresa de acordo com a atividade desempenhada por cada trabalhador, é recomendado, pois assim é possível evitar o contato ou a exposição aos potenciais fatores desencadeantes do quadro de dermatite ocupacional.
Por ser a doença ocupacional mais comum, podendo se agravar rapidamente e até incapacitar o trabalhador, é muito importante que as empresas e os trabalhadores estejam cientes dos riscos da doença, tomando medidas necessárias para prevenção ou tratamento precoce das dermatites de contato ocupacionais.
Texto: Dermatologista Dra. Lígia Márcia Martin