Contingente corresponde a 18,2% da força de trabalho ativa no país
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados que permitem visualizar a atual situação do mercado de trabalho no país. De acordo com levantamento, publicizado no último dia 30, no trimestre de março a maio de 2023, a taxa de desocupação, isto é, porcentagem de mão de obra economicamente ativa que está desempregada, atingiu 8,9 milhões pessoas, representando 8,3% da população.
O valor representa um pequeno recuo em relação a fevereiro, quando 8,6% dos trabalhadores brasileiros estavam sem emprego. Já o contingente de pessoas ocupadas ficou estável face ao trimestre anterior, totalizando 98,4 milhões.
A porcentagem de subutilização, ou seja, pessoas inseridas no mercado de trabalho com jornadas inferiores a 40 horas e que desejam ampliá-la afeta 20,7 milhões, correspondendo a 18,2% da força de trabalho no país. O indicador era de 21,8% em igual período de 2022.
Já trabalhadores desalentados, que desistirem de procurar uma vaga por acreditar que não vão encontrar, caiu 6,2% frente ao trimestre anterior, o que significa, menos 244 mil pessoas nesta situação.
Iniciativa privada mantém contratações
O número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado não sofreu alteração significativa no último ano. No total, são 12,9 milhões de pessoas. O índice de trabalhadores por conta própria também ficou estável: 25,2 milhões.
A economista Juliana Martins reforça que a diminuição de vagas com carteira assinada preocupa, pois a tendência é que aumente o número de trabalhadores sobrevivendo na informalidade. Além disso, ela destaca que o aumento da mão de obra desprotegida também reflete nos trabalhadores com vínculo reconhecido, na medida em que reforça a sensação de insegurança do funcionário que pode ser substituído a qualquer momento por outro trabalhador e a um custo mais baixo.
“As pessoas precisam ter alguma renda e com a falta de oportunidades no mercado de trabalho formal, cresce a oferta de emprego em condições ainda mais precarizadas. É instaurado um ciclo de exploração que também chega nos trabalhadores com carteira assinada. Se tem mais mão de obra disponível, o desrespeito a direitos, como o descumprimento da jornada contratada, tende a ser mais tolerado. Ao mesmo tempo, o trabalhador que está desempregado se sujeita a salários mais baixos e a ter menos garantias porque precisa viver. O estoque de mão de obra reserva é interessante para quem detém o poder”, pontua.
Informalidade e rendimento
A taxa de informalidade foi de 38,9% da população ocupada ou 38,3 milhões de trabalhadores desprotegidos pela legislação. A taxa é a mesma registrada no trimestre anterior. O rendimento real habitual (R$ 2.901) ficou estável frente ao trimestre anterior e cresceu 6,6% no ano.
Na comparação anual, todas as posições apresentaram aumento: empregado com carteira de trabalho assinada (3,8%, ou mais R$ 98), empregado sem carteira de trabalho assinada (5,9%, ou mais R$ 108), trabalhador doméstico (6,1%, ou mais R$ 65), empregado no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) (4,7%, ou mais R$ 194), trabalhador por conta própria (7,5%, ou mais R$ 163).
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.