Dados do novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados na última quinta-feira (27), pelo Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que em junho, foram criadas 157.198 novas vagas com carteira assinada no Brasil. O número considera o balanço entre 1.914.130 admissões e 1.756.932 desligamentos no período.
O índice é maior que o atingido no mês de maio, que contabilizou 155.100 oportunidades com vínculo formal. Considerando o primeiro semestre de 2023, foram abertos aproximadamente 1 milhão de postos de trabalho. O contingente revela uma queda 26% em relação a janeiro e junho do ano passado, quando foram observadas pouco mais de 1,3 milhão de contratações.
Setores
O setor de serviços liderou com 76.420 contratações. O segundo setor com mais admissões foi agropecuário, com mais de 27 mil vagas formais, seguido da construção, com 20.953 postos, comércio, 20.554 vagas e indústria, 12.117 oportunidades.
Regiões
São Paulo foi o estado com mais admissões (+36.418 postos). Em segundo lugar, ficou Minas Gerais (+25.537 postos) e em terceiro Rio de Janeiro (+13.490 postos). Já Paraíba (-223 postos), Rio Grande do Sul (-211 postos) e Roraima (-121 postos) foram as unidades federativas que apresentaram as menores taxas de contratações no período.
Londrina
Ainda, segundo o levantamento, nos seis primeiros meses do ano, Londrina gerou 4.580 vagas de empregos com carteira assinada. O saldo é o segundo maior do estado, atrás apenas de Curitiba. Em junho, foram abertas 580 vagas na cidade. Assim como em cenário nacional, o segmento de serviços puxa as admissões. A construção é a segunda área com maior quantidade de contratações no município.
Salários maiores
A pesquisa também informou que o salário médio de admissão foi de R$ 2.015,04 em junho deste ano, o que representa uma leve alta em relação a maio (R$ 2.002,57). Os números são corrigidos pela inflação.
Para a economista Juliana Martins, o saldo é positivo e está relacionado à movimentação da economia liderada pelas atividades agropecuárias (+21,6%). Ela destaca que no primeiro trimestre de 2023, o PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, cresceu 1,9% na comparação com os últimos três meses do ano passado. O PIB, no período, somou R$ 2,6 trilhões.
“Temos observado um aumento no consumo das famílias beneficiado pela expansão do mercado de trabalho com salários um pouco maiores ao mesmo tempo em que vemos recuo da inflação nos últimos meses. Estes fatores associados são fundamentais para a melhoria da qualidade de vida da população e das expectativas em relação ao crescimento econômico do país, elemento que também é importante para encorajar os investimentos internos e externos”, analisa.
Martins ressalta desde 2016, com as políticas de austeridade e desmonte dos serviços públicos, a pobreza tem aumentado no país, sendo importante a proposição de políticas que ajudem as camadas economicamente mais vulneráveis a sair do endividamento, a exemplo do Desenrola Brasil, iniciativa do governo federal que visa ajudar na renegociação de dívidas da população.
“Com juros altos é mais difícil tomar crédito, ou seja, emprestar dinheiro em bancos, financeiras, fazer compras em crediários. E muitas famílias almejam pegar um montante justamente para pagar dívidas, já que o empobrecimento se aprofundou, é significativo o aumento do custo de vida e desmantelamento do estado de bem-estar social nos últimos sete anos. A desigualdade foi agravada pela pandemia de Covid-19 também. É fundamental que estes grupos de menor renda tenham acesso a programas específicos para que voltem ter recursos, conquistando autonomia financeira”, pondera.
Em junho de 2023, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu manter, pela sétima vez consecutiva, a Taxa Selic em 13,75%. A Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgados em julho, observaram que o endividamento atinge 78,5% das famílias no país.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.