Atos estão sendo organizados por entidades estudantis em todo o país
Reivindicando o direito à educação pública e de qualidade, nesta sexta-feira (11), Dia do Estudante, a ULES (União Londrinense dos Estudantes Secundaristas) chama toda população para o ato “Londrina pela Educação – Mobilização contra o novo ensino médio, a militarização das escolas e bloqueios orçamentários”. A manifestação ocorre a partir das 17h em frente ao Cine Teatro Ouro Verde, no calçadão de Londrina.
Randher Lima, aluno do curso técnico de Biotecnologia do IFPR (Instituto Federal do Paraná) – campus Londrina e presidente da ULES, conta que a proposta do ato surgiu há cerca de mês durante uma reunião da mesa diretora do coletivo. A princípio, a ideia era reafirmar a contrariedade à permanência das escolas cívico-militares no Paraná – mesmo após a suspensão do programa pelo governo federal – e a revogação do novo ensino médio (Lei 13.415/2017).
Porém, com o anúncio do congelamento de R$ 332 milhões pelo MEC (Ministério da Educação), na última sexta-feira (4), de recursos que seriam destinados a projetos de alfabetização, pagamentos de bolsas, aquisição de transporte escolar e iniciativas de modernização de escolas e institutos de ensino, a pauta ampliou.
“Estávamos pensando em organizar alguma atividade para o dia 11 de agosto. Neste meio tempo, veio também uma convocatória nacional por parte da UBES [União Brasileira dos Estudantes Secundaristas] e UNE [União Nacional dos Estudantes] para organização de protestos contra o bloqueio orçamentário que teve no Ministério da Educação nos últimos dias. Ele não atinge despesas essenciais, mas são recursos importantes para o funcionamento das escolas e universidades”, observa.
A ULES conta com o apoio da APP-Sindicato que está cedendo materiais como panfletos. Ainda, de acordo com o estudante, serão confeccionados cartazes no local, mas aqueles que puderem já levar prontos “ajuda muito”. A programação inicial prevê panfletagem, momentos para falas e a depender da adesão será convocada uma passeata pelo centro da cidade. A ideia é informar a sociedade sobre os retrocessos do novo ensino médio para o direito à educação gratuita, atingindo, principalmente, os estudantes das camadas economicamente mais vulneráveis.
“Se a gente perceber que não tem um número ideal de pessoas para conseguir bloquear as ruas, de forma que o pessoal possa passar com segurança, vamos ficar apenas na concentração em frente ao Ouro Verde. Estamos trabalhando com as duas opções, vai depender do número de pessoas. A ideia de começar às 17h é porque as lojas ainda estão abertas, podemos distribuir panfletos para as pessoas que estiverem passando pelo calçadão e vamos explicar quais são as pautas, porque elas são importantes. Muita gente não sabe da existência do novo ensino médio e nem para que ele serve”, diz.
Lima pontua que as expectativas são diversas. Em esfera nacional, é esperado que os recursos do MEC sejam desbloqueados e direcionados às escolas e instituições de ensino superior. Já no Paraná, a extinção das escolas cívico-militares é uma das principais demandas.
“Queremos o encerramento deste programa definitivamente, voltando a ter uma gestão democrática dentro das escolas, para que tenhamos um ambiente seguro sim, mas não através de militares dentro das escolas, não é assim que vamos resolver os problemas. Queremos medidas efetivas por parte dos governos, mas também uma conscientização local das pessoas que passarem por lá, para que entendam porque a falta de investimento em educação é ruim”, finaliza.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.