A Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) informou, na manhã desta segunda-feira (21), que o rompimento da adutora na saída do Reservatório Higienópolis, localizado na esquina da avenida Higienópolis com a rua Tupi, iria afetar o abastecimento de água em residências e comércios da região central de Londrina.
Os principais bairros afetados pelo incidente são, além do centro, as vilas Ipiranga, Garcia, Ernest, Boa Vista, Agari, Shimabokuro, Menegazzo e Pietraróia.
De acordo com a Companhia, a manutenção na adutora rompida foi concluída pela manhã e a previsão é que a distribuição de água se normalize, de forma gradual, até o final da tarde desta segunda-feira.
Mesmo com a finalização dos trabalhos, moradores e comerciantes das regiões afetadas têm enfrentado transtornos relacionados à falta de água. Edna Garcia, balconista e gerente de compras do restaurante Rovani há 22 anos, aponta que o desabastecimento tem sido um problema comum aos estabelecimentos.
“Várias vezes nossa água é cortada porque a Sanepar precisa arrumar alguma coisa. Isso, para nós, é um transtorno imenso. Pensa: um restaurante que começa a cozinhar às sete da manhã e que, em seguida, já começa a trabalhar com a lanchonete, ficar sem água. Isso paralisa, atrasa tudo. Tenho certeza que todos os comerciantes estão reclamando”, aponta.
Experiência do cliente
Os prejuízos financeiros não são os únicos aspectos considerados pelos proprietários e funcionários dos estabelecimentos. Segundo Garcia, a experiência do cliente também é prejudicada pela falta de água.
“A água é tudo em um restaurante. Além de precisarmos dela para cozinhar e para lavar a louça, temos que ter água no banheiro porque os clientes usam quando vêm aqui almoçar. Quando não tem água, o banheiro fica sujo e tem reclamação – com razão”, explica a gerente.
Garcia argumenta que os trabalhos de manutenção corretiva deveriam ser feitos em dias e horários alternativos para que os comerciantes não fossem prejudicados. Além disso, cobra do Poder Público uma resposta ao problema recorrente.
“Os vereadores nos representam e nós estamos pedindo uma atenção para essa falta de água. Não é uma vez ou outra, tem acontecido sempre. Já chegamos a vender 30% menos do que o usual quando ficamos sem água, então é uma coisa que afeta demais nosso trabalho e nosso lucro.”
Moradores
Os comerciantes não são os únicos a sentirem os efeitos negativos do desabastecimento. Carina Nogueira, que mora no Centro de Londrina, reforça o depoimento de Garcia e diz que a falta de água é um problema recorrente.
De acordo com a moradora, nas residências, os maiores transtornos estão relacionados aos serviços domésticos. “Às vezes ficamos muito tempo sem água e eles [Sanepar] avisam em cima da hora. Além disso, quando a água volta, volta suja e com força, o que prejudica o encanamento.”
Nogueira argumenta que a Sanepar deve agir para prevenir o desabastecimento e, sobretudo, evitar práticas que têm sido comuns nas manutenções.
“Acho que precisam restringir as intervenções ao essencial e agir com cautela, competência, precisão e planejamento, o que não vêm acontecendo. Os reparos são necessários, mas, muitas vezes, quebram o que estava intacto. A forma como as máquinas são manobradas, a forma que o alarido que é feito e a presença de ar no encanamento indicam falta de cuidado e inexperiência”, aponta a moradora.
“Precisamos pegar água dos vizinhos que têm caixa”
Os comerciantes, especialmente os que trabalham com a produção de alimentos, precisam buscar alternativas para continuar suas atividades diárias. No Restaurante Rovani, os funcionários têm pedido ajuda aos vizinhos.
“A gente não tem outra alternativa a não ser correr e arrumar uma solução. Então, precisamos pegar água dos vizinhos que têm uma caixa maior. Precisamos ficar descendo e subindo escadas para buscar a água. Pagamos para os vizinhos e esse nem é o problema. Nosso maior problema é prejudicar os clientes”, aponta.
A gerente de compras do restaurante afirma compreender a necessidade que a Sanepar tem de fazer manutenções, mas acredita que o planejamento das ações deve considerar, também, as demandas dos estabelecimentos comerciais que serão afetados.
“Em plena segunda-feira abrimos sem água. Eles [Sanepar] precisam ver possibilidades de não atrapalhar os negócios. Temos restaurantes, salões de beleza e até profissionais de saúde, como dentistas, que são prejudicados toda vez. O trabalho deve ser uma parceria, porque somos clientes da Companhia”, finaliza Garcia.
Sanepar justifica
A Sanepar explica que existem diversas obras em andamento em Londrina e, por isso, as paradas são programadas e avisadas. “Uma parada aconteceu nesse domingo (20) porque estamos com uma obra importante na avenida Higienópolis. Nessa segunda-feira tivemos um incidente e comunicamos via imprensa.”
Segundo a Companhia, é importante que os comerciantes e os moradores registrem suas reclamações pelo telefone 0800 200 0115 “para que o Centro de Controle Operacional e a equipe de campo identifique situações como vazamentos ocultos”.
A Sanepar reforça, ainda, que, de acordo com norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), cada imóvel deve ter caixa-d’água com capacidade para atender as necessidades dos moradores por, no mínimo, 24 horas. O reservatório domiciliar deve armazenar pelo menos 500 litros.
Fonte: Portal Bonde