A Secretaria Municipal de Recursos Humanos aderiu à iniciativa, com o intuito de dar suporte aos servidores em luto parental
A Prefeitura de Londrina está apoiando a campanha Outubro Rosa e Azul, de sensibilização sobre as perdas gestacionais, neonatais e infantis. Essa iniciativa busca dar suporte às famílias que enfrentam o luto e, ao mesmo tempo, conscientizar a sociedade sobre as dificuldades que essas perdas representam, especialmente às mães e pais. E é com esse intuito que a Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) convida todos os servidores para que, na próxima segunda-feira (16), venham trajados de rosa e azul.
Desde 2021, a Prefeitura utiliza novos protocolos de licença remunerada para a servidora que dá a luz ao natimorto. Anteriormente, esse afastamento do trabalho tinha duração de 30 dias, mediante a realização de perícia médica obrigatória.
Por meio de um projeto de lei apresentado pelo Município, essa licença foi estendida para 120 dias e sem a necessidade de perícia, adotando a certidão de óbito como documento comprobatório. A medida já era aplicada pelo INSS e, com a aprovação do projeto de lei, foi incorporada pelo Município.
E para prestar suporte a essas mães, bem como às que enfrentam a perda de um filho na infância, a SMRH oferece o programa RH Acolhe. Composto por uma assistente social e uma psicóloga, o RH Acolhe faz parte do Programa de Atenção ao Servidor, e fica à disposição para escuta, acolhimento e encaminhamentos, se necessário, da mãe em luto.
Segundo a secretária municipal de Recursos Humanos, Julliana Faggion Bellusci, a mudança na concessão das licenças partiu do pedido de uma servidora que perdeu a filha poucos dias antes do parto. “Embora esses casos não sejam muitos, quando ocorrem são de grande dimensão e causam muito impacto. A Prefeitura ouviu essas histórias, e o prefeito Marcelo Belinati acatou de pronto a sugestão para alterarmos a lei. Tudo o que nos foi apresentado por essas mães em relação às políticas públicas temos ouvido, para fazermos o que for possível. E, com o Outubro Rosa e Azul, nosso intuito é que as pessoas saibam que essa causa existe”, destacou.
A servidora Rosana Rocha Alves atua como auxiliar de Odontologia na Secretaria Municipal de Saúde, há 19 anos. Em dezembro de 2016, seu filho Mateus faleceu, aos quatro anos de idade. Com oito meses de luto, ela teve contato com o grupo de apoio Mães da Esperança (@maesdaesperanca), sobre luto parental, e passou a frequentá-lo. Cerca de um ano depois, passou a compartilhar sua experiência em uma página própria. Hoje, seu perfil @umdiadecdvez reúne milhares de famílias, principalmente mães, que trocam relatos sobre suas vivências.
Ela explicou que, após a perda do filho, o retorno ao trabalho e às rotinas diárias foi bem difícil. “Passei cerca de três meses afastada com atestado médico, sendo que a licença pelo luto é de apenas sete dias. Graças a Deus fui bem acolhida e o pessoal da Odonto foi muito empático, porque você fica totalmente sem chão por um longo tempo. Voltei, mas foi o apoio dos colegas e a empatia deles que me deu suporte para estar lá. Eles fizeram o que podiam, foram bem acolhedores, mas no geral a sociedade não está preparada para lidar com a morte. E a dor, o sofrimento do luto vai bater na porta de todos”, relembrou.
Alves comentou que, além da saudade e da tristeza da perda, comentários dolorosos afetam negativamente as mães e familiares em processo de luto. “As pessoas não estão preparadas, não sabem o que dizer. E alguns falam coisas que nos machucam, do tipo ‘você logo terá outro’, ‘foi melhor para ele’. Há ainda as pessoas que se afastam, e isso também dói. Nessas horas é melhor acolher, dar um abraço e ficar em silêncio. Por isso batemos tanto na tecla de falar sobre esse luto”, enfatizou.
Sobre o apoio à campanha Outubro Rosa e Azul, a servidora contou que ficou impressionada e feliz com a adesão da Prefeitura. “É importante validar essa dor e promover a conscientização das pessoas. Qualquer um de nós pode ter alguém na família que passou por essa perda, e independentemente da idade do filho, o luto nos transforma demais. Jamais seremos as mesmas depois de passar por isso. O bom é que cada vez mais as pessoas estão se abrindo para essa conversa. É preciso aceitar que na vida há frustrações e perdas, que não é tudo lindo, e falar sobre esse luto é uma oportunidade de desmistificar crenças e tabus”, completou.
Fonte: Blog Londrina