Nesta semana, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) da Universidade Estadual de Londrina, realiza o evento “Educação das Relações Étnico-Raciais: conectando processos formativos antirracistas entre a universidade e a educação básica”. O encontro, tem como objetivo principal discutir abordagens de questões raciais nas instituições de ensino, atendendo as Leis nº 10.639/2003 e 11.645/2008.
Importância
Em 9 de janeiro de 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou a Lei 10.639/03, tornando obrigatório o ensino de “história e cultura afro-brasileira” nas escolas de ensino fundamental e médio. Além disso, a Lei estabeleceu o dia 20 de novembro como o “Dia da Consciência Negra” no calendário escolar. A intenção era valorizar a herança cultural afro-brasileira e promover uma educação mais inclusiva.
Posteriormente, a segunda Lei (11.645/08) expandiu essa obrigatoriedade para incluir não apenas a História e Cultura afro-brasileira, mas também a História Indígena. Essas leis são o resultado de um processo de lutas e resistência liderado pelos movimentos negros e indígenas, que buscavam combater o racismo e desconstruir estereótipos historicamente associados às populações não-brancas em diversos setores da sociedade, incluindo a educação.
Gilza Kaingang, assistente social, mestra e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Política Social da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Integrante da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade, enfatiza a importância de ocupar esses espaços e levantar a discussão sobre o racismo enfrentado pelos povos indígenas, que muitas vezes são alvo de invisibilidade e discriminação.
De acordo com ela, a presença de estudantes indígenas nas universidades não só abre caminhos para a sua própria formação, mas também contribui para a diversidade da sociedade ao compartilharem conhecimentos ancestrais.
Segundo Gilza, a partir dessa inclusão, os estudantes indígenas têm a oportunidade de levar suas experiências para as escolas, tornando as questões indígenas parte do currículo escolar. A ideia é que a discussão sobre as culturas indígenas e afro-brasileira não se limite ao Dia do Indígena e Dia da Consciência Negra, mas seja incorporada de maneira mais abrangente e profunda em todo calendário escolar.
É importante ressaltar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que a implementação dessas leis não é facultativa. Elas são uma obrigação em todas as escolas brasileiras, sejam públicas ou privadas, ao longo de toda a vida escolar, especialmente nas disciplinas de educação artística, literatura e história brasileira. Essa obrigatoriedade visa promover a representatividade e valorização das comunidades negras e indígenas em nossa sociedade, contribuindo para a construção de uma escola que seja verdadeiramente democrática e acolhedora da diversidade, dentro e fora dos ambientes educacionais.
Ciclos e Programação
O evento é direcionado a docentes das redes estaduais, municipais e particulares de ensino, estudantes de cursos de licenciatura, dirigentes de ensino, diretores e coordenadores pedagógicos, e todos os interessados no campo da educação. Importante ressaltar que a participação no evento é gratuita mas requer inscrição prévia. Confira a programação:
Palestra – 30 de outubro
Tema: “Ensino de ofícios e ensino industrial no Brasil: gênero, classe e raça.”
Palestrante: Dra. Fernanda Kelly Silva de Brito, da UFMG
Horário: 14h00 – 17h00
Local: Sala 01 – Labesc
Link de inscrição: Clique aqui
Mesa Redonda – 31 de outubro
Tema : “Educação das Relações Étnico-raciais: integrando e fortalecendo os processos formativos decoloniais”
Palestrantes: Dr. Rodrigo Ednilson de Jesus da Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil, Profa. Dra. Marleide Rodrigues da Silva Perrude, Profa. Ms. Maria de Fátima Beraldo, Profa. Dra. Marta Giménez Fávaro, Doutoranda Gilza Kaingáng
Horário: 8h30 – 11h30
Local: Anfiteatro do CESA
Link de inscrição: Clique aqui
Oficina – 01 de novembro
Tema: “Introdução à Fotografia de Retrato”
Coordenador: Fagner Bruno de Souza, do COCINE
Horário: 14h00 – 17h00
Vagas Limitadas: 20
Local: Sala 683
Inscrição: Clique aqui
*Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão.