A medida atinge oito colégios na região de Londrina que oferecem cursos técnicos no período noturno
A SEED (Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná) encaminhou no último mês, para colégios da região de Londrina, uma lista de cursos técnicos e profissionalizantes que não abrirão novas turmas no 1º semestre de 2024. Os cursos afetados são da modalidade subsequente (para quem já finalizou o ensino médio) ofertados no período noturno e atingem pelo menos seis escolas em Londrina, uma em Ibiporã e uma em Porecatu. A Secretaria justificou a medida alegando alta evasão dos estudantes ao longo do período letivo.
O ensino técnico e profissionalizante é uma importante modalidade de ensino tanto para quem pretende ingressar no mercado de trabalho ou em uma nova área como para quem busca uma promoção, com melhores salários e benefícios. A taxa de desemprego entre aqueles que possuem formação técnica é 7,2% enquanto que para os que possuem o ensino médio completo é de 10,2%, de acordo com a pesquisa “Potenciais efeitos macroeconômicos com expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil”, realizada pelo Itaú Educação e Trabalho.
O estudo ainda revela que o primeiro grupo (formação técnica) ganha 32% a mais do que o segundo (ensino médio completo). Por conta disso, a pesquisa também indica que investir na educação técnica pode aumentar em 2,32% o PIB do país. Para o doutor em Gestão de Empresas e Negócios, Osvaldo Paes de Brito, diretor da APP-Sindicato em Londrina, o estado está evitando enfrentar o problema da desistência dos alunos ao fechar as novas turmas.
O professor – que coordena e dá aulas no curso de Administração no Colégio Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera – afirma que, se o problema é a evasão escolar, o governo deveria entender porque ela ocorre para poder resolver essa questão e não fechar novas turmas. Ao ser questionado sobre qual o percentual de alunos do curso técnico subsequente em administração adentram no mercado de trabalho, ele arrisca: “Eu acredito que 100% dos alunos formados conseguem ser empregados no primeiro ano depois que se formam.”
Levantamento da Pnad Contínua de 2022 revelou que 44,8% das pessoas que concluíram o ensino médio alegam não ingressar no ensino técnico porque precisam trabalhar. Outros 10,4% afirmaram não ter tempo por conta de afazeres domésticos ou cuidar de pessoas, ou que não havia escola com o curso e o turno desejado. Além disso, com base na pesquisa “Potenciais efeitos macroeconômicos com expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil”, citada anteriormente, apesar da abertura de novas turmas e cursos técnicos elevar o custo da educação, o retorno que essa modalidade promove compensa, uma vez que também coopera para o desenvolvimento econômico e social.
A experiência do aluno
Não é só visando trabalho que alguém procura esse tipo de ensino. Ana Paula Barros Bárbara, estudante do curso de transações imobiliárias do IEEL (Instituto Estadual de Educação de Londrina), contou sua experiência: “Eu me interessei pelo curso pelo conhecimento, porque tenho uma casa financiada e queria entender como é o processo em relação a amortizações e como diminuir o prazo de financiamento. Quando soube que o IEEL estava oferecendo essa oportunidade gratuita, me interessei bastante. Porém, depois que você começa a fazer o curso, abre um leque de informações que a gente não conhece, abrindo portas até para uma profissão.”
Sendo mãe de dois filhos e tendo que trabalhar durante o dia, Ana Paula também falou da importância dessa modalidade de ensino: “O curso, por ser noturno, é uma oportunidade para que um pai de família possa se qualificar em uma área. Às vezes ele não procura um curso superior porque não tem tempo, então esse ensino profissionalizante proporciona, em curto prazo, uma profissão e uma forma de se aprofundar em uma área”, assinala.
A turma dela termina agora, no final de 2023, e prevê formar cerca de 40 pessoas aptas a trabalhar na área.
Colégios e cursos afetados
Londrina:
Centro Estadual De Educação Profissional Professora Maria do Rosário Castaldi – Técnico em Administração
Colégio Aplicação Professor José Aloísio Aragão – Enfermagem do Trabalho
Colégio Colégio Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera – Técnico em Recursos Humanos
Colégio Estadual Polivalente – Técnico em Nutrição e Dietética
Colégio Estadual Vicente Rijo – Técnico em Administração e Recursos Humanos
Instituto de Educação Estadual de Londrina – Técnico em Serviços Jurídicos
Ibiporã:
Colégio Estadual Olavo Bilac – Enfermagem
Porecatu:
Colégio Estadual Ricardo Lunardelli – Técnico em Segurança do Trabalho
*Matéria do estagiário Lucas Worobel sob supervisão.