MST doa à cozinha comunitária do padre Júlio Lancelloti 20 mil espigas de milho, 900 quilos de arroz e 30 caixas de batata doce: “A gente entende como somar e dar as mãos, que é o que o Brasil precisa”
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná vai doar nesta quarta-feira (8) 20 mil espigas de milho verde, 900 quilos de arroz e 30 caixas de batata doce para a cozinha comunitária da Casa de Oração do Povo da Rua, coordenada pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, da qual o padre Julio Lancelotti é vigário episcopal. O projeto auxilia as pessoas em situação de rua na capital paulista.
MST doa 20 mil espigas de milho e 900 quilos de arroz para cozinha comunitária do padre Júlio
MST doa à cozinha comunitária do padre Júlio Lancelloti 20 mil espigas de milho, 900 quilos de arroz e 30 caixas de batata doce: “A gente entende como somar e dar as mãos, que é o que o Brasil precisa”
Caroline Oliveira, Brasil de Fato
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná vai doar nesta quarta-feira (8) 20 mil espigas de milho verde, 900 quilos de arroz e 30 caixas de batata doce para a cozinha comunitária da Casa de Oração do Povo da Rua, coordenada pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, da qual o padre Julio Lancelotti é vigário episcopal. O projeto auxilia as pessoas em situação de rua na capital paulista.
Segundo Ana Maria da Silva Alexandre, coordenadora da Casa de Oração, o projeto distribui aproximadamente 1.200 pães e 1.000 marmitas diariamente, entre café da manhã e almoço. Durante o inverno, o grupo também oferece sopa durante a noite. Assim, com a doação, ela afirma que pretende preparar diferentes tipos de pratos quentes, além de milho cozinho no café da manhã.
Jaime Dutra Coelho, da direção nacional do MST, explica que a ideia de fazer doações ao projeto do padre Julio começou ainda em janeiro, com a ampliação da lavoura de milho. Agora, chegou a hora da colheita. “Para nós, é muito gratificante. A gente entende como somar e dar as mãos, que é o que o Brasil precisa: dessa união do campo com a cidade”, conta Coelho.
Campanha de solidariedade
A doação se soma à campanha de solidariedade permanente organizada pelo movimento. Dessa forma, o MST já doou centenas de toneladas de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade social em todo o país.
“O MST, desde o começo da pandemia, tem feito essas doações de alimento como forma de solidariedade, em função do desemprego e da fome. A gente faz isso também por conta do governo do Bolsonaro, que não dá chance a ninguém e dificulta cada vez a mais a vida do brasileiro”, afirma Coelho.
Somente as famílias de acampamentos e assentamentos do MST do Paraná já partilharam mais de 960 toneladas de alimentos da reforma agrária. Em Curitiba, cerca de 130 mil refeições foram doadas a pessoas em situação de vulnerabilidade, por meio do Coletivo Marmitas da Terra, coordenado pelo MST.
“A gente se identifica e se comove com essa situação de falta de alimento, em um país tão rico, com tanta terra. Estamos no noroeste do estado e há uma imensidade de terras aqui que muitas vezes estão em fazendas que a gente identifica que estão sendo exploradas de forma improdutiva. Ou seja, dava para produzir muito mais alimentos por metro quadrado do que está sendo produzido hoje”, destaca o dirigente do MST.
Concentração de terras
De acordo com o Dossiê 27: Reforma Agrária Popular e a luta pela terra no Brasil, do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, publicado ainda em 2020, “o Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo e onde estão os maiores latifúndios. Concentração e improdutividade possuem raízes históricas que estabeleceu a base da desigualdade social do país que perdura até os dias atuais.”
Nesse sentido, dados do último Censo Agropecuário, realizado em 2017, mostram que somente 1% dos proprietários de terra controlam aproximadamente 50% da área rural do país. Na contramão, estabelecimentos com áreas menores do que 10 hectares representam metade das propriedades rurais, mas controlam apenas 2% da área total.
“Por um lado, uma riqueza enorme em potencial de produção de alimento. Por outro, uma quantidade imensa de pessoas passando fome, principalmente nas grandes cidades. Assim, a gente percebe essa necessidade e fica agoniado com isso, sabe? A gente fica angustiado com essa contradição”, afirma Coelho.
Fonte: Caroline Oliveira | Brasil de Fato