Moradores da vila Pantanal lamentam destruição de quatro casas e pedem solidariedade para as famílias
É duro morar na Vila Pantanal. Como um mosaico, a comunidade tem de tudo um pouco. Concentra todas as situações vividas pela classe trabalhadora. Da luta e conquista da casa própria à precarização das condições de vida.
Localizada no bairro Alto Boqueirão, na divisa com São José dos Pinhais, é possível cruzar o caminho de moradores e carrinheiros fazendo longas caminhadas por estradas de terra para chegar até a comunidade. Casas construídas e focos de regularização convivem ao lado de barracos de madeira na proximidade da Área de Preservação Ambiental (APA) do Iguaçu. Calçamento de pedras convive ainda com muitas ruas de terrão e ausência de saneamento básico.
Foi nesse local de ocupação, com ausência de infraestrutura, que ontem à noite (4) ocorreu incêndio, iniciado possivelmente durante a queima de materiais em um barracão de carrinheiros e que alcançou quatro casas. Cinco pessoas perderam tudo e foram recebidas pela igreja local. Os materiais recicláveis acumulados por carrinheiros também foram perdidos.
No espaço de um ano e meio, é o terceiro incêndio que afeta áreas de ocupação em Curitiba. No mês de maio de 2022, Curitiba teve dois focos que se espalharam em comunidades periféricas sem regularização fundiária. Uma delas é a vila Harmonia, na Cidade Industrial, a outra é o Morro do Sabão, no Parolin. O que é revelador dos desafios por uma política de regularização fundiária.
Moradores criticam a prefeitura de Curitiba, regional Boqueirão e a Copel por suposta má assistência no dia seguinte ao incêndio. Exigem a presença de uma retroescavadeira para retirar o entulho queimado nos terrenos. Criticam também ausência de donativos. Porém, prefeitura e FAS apontam que entregaram na manhã de hoje cestas básicas, cobertores e crédito no Armazém da Família.
“Entre as ações de apoio, foram entregues ainda sete cestas básicas e um subsídio alimentar no valor de R$ 70 para compra nos Armazéns da Família”, afirma nota da gestão municipal.
“Negaram ajuda e a Copel retirou a luz. Vieram mas não se comprometeram por aqui ser uma invasão, afirma Isalete Portela dos Santos, pastora da igreja que recebe os moradores e parte dos donativos. Isalete vive em outro quarto ao lado da igreja. Mas estava justamente investindo dinheiro e preparando a casa que foi incendiada. Afirma que algumas famílias ficaram sem luz após vinda da Copel.
Por sua vez, a Copel responde que, “Por questões de segurança, desligou o ramal que fornece energia elétrica às casas que incendiaram na Vila Pantanal, em Curitiba, nesta segunda (dia 4)”. A assessoria de imprensa da empresa afirma que o corte não alcançou as casas além das que foram destruídas pelas chamas.
Tristeza
Ariel dos Santos, carrinheiro, vive há três anos na comunidade. Seu desespero circulou em vídeos pelas redes sociais ainda na noite de ontem. Ele seguia desolado desde a noite anterior com a situação, afirmando que perdeu casa mobiliada e roupas. Aponta que a pessoa que teria ateado fogo aos materiais não é morador da Pantanal, apenas trabalha ali. “A gente avisou que não pode colocar fogo nas coisas, tão perto das casas”, protesta.
Solidariedade entre a classe trabalhadora
A associação de moradores da vila Pantanal, que retomou os trabalhos recentemente, construindo uma cozinha comunitária que atende diariamente mais de 100 refeições, colocou sua estrutura em apoio às famílias, além de solicitar a arrecadação de cobertores, alimentos, móveis e materiais de construção. A campanha Despejo Zero e o mandato de Giorgia Prates (PT) estiveram no local prestando solidariedade às famílias.
O contato para mais informações de como ajudar é (41) 99818020 (Elessandra)
Fonte: Brasil de Fato