Reajuste surpreendeu usuários que criticam a qualidade do serviço
Nesta sexta-feira (5), a partir das 18h30, na sede da APP-Sindicato (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná) – Núcleo Sindical Londrina (Avenida Juscelino Kubitscheck, nº 1.834 – Jardim Quebec) acontece plenária sobre o transporte coletivo da cidade.
A reunião organizada por movimentos e coletivos populares, sindicatos e partidos progressistas (acompanhe lista completa abaixo) tem como principal reivindicação derrubar o aumento da tarifa anunciado pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) no último 30 de dezembro.
Já a partir de 1º de janeiro de 2024, usuários do transporte público precisam desembolsar R$ 0,95 a mais. A passagem saltou de R$ 4,80 para R$ 5,75. O valor representa aumento de 19,7%.
“Embora saibamos que normalmente há um reajuste do valor da tarifa do transporte coletivo uma vez ao ano, foi uma surpresa bastante desagradável não só para mim, tenho certeza que para todos os usuários de forma direta ou indireta, pois o valor praticado já não era baixo, uma vez que no início de 2023 a tarifa já havia sido reajustada com um índice bastante elevado”, diz Maria Izabel Peruci, presidenta do Sindshopping (Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista de Shopping Center de Londrina).
Manoel Teodoro da Silva, vice-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Londrina (SINDECOLON) também comenta a surpresa com o novo valor considerado abusivo. “Sinceridade foi uma grande surpresa, reajuste muito acima do índice da inflação, na verdade, tudo acaba afetando diretamente a vida do trabalhado, pois do sistema econômico o elo mais fraco é o trabalhador”, afirma.
Com o reajuste, Londrina passa a ter uma das tarifas mais caras do país. O preço mais alto foi registrado pela cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, R$ 6,10 para quem paga em dinheiro, mas quem opta pelo cartão Caxias Urbano paga R$ 4,90.
De acordo com a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) o acréscimo visa subsidiar a gratuidade para idosos, pessoas com deficiência e outras enfermidades como câncer.
Segundo informações da Prefeitura de Londrina, entre janeiro e maio de 2023, foram repassados aproximadamente R$ 33 milhões para as empresas Transportes Coletivos Grande Londrina e Londrisul. O aporte visou renovar a frota de veículos. Foram adquiridos 147 novos ônibus, o equivalente a 42% da frota.
O aumento tem desagrado os passageiros. Trabalhadores que dependem do ônibus precisarão destinar R$ 57,00 a mais por mês, considerando apenas uma viagem de ida e volta diária, por exemplo.
“Os reajustes salariais dos trabalhadores durante o ano de 2023, ficaram muito aquém do valor do reajuste do transporte, haja vista que mesmo as categorias que conseguiram incluir aumento real em suas negociações coletivas, não chegam perto do valor do reajuste ora anunciado”, complementa Peruci.
Silva também avalia que o reajuste não é compatível com a faixa de renda da classe trabalhadora, principal dependente do serviço. “Sem se aprofundar no mérito da situação o aumento não é nem um pouco condizente com a realidade econômica, dá-se a impressão que apenas o trabalhador tem que suportar o ônus da situação econômica. Quando a coisa aperta com as receitas dessas empresas o poder público corre em socorro das mesmas, como os trabalhadores pagam também deveriam serem beneficiados”, ele ressalta.
Qualidade do serviço desagrada
Outra crítica levantada pelos passageiros é a qualidade do serviço prestado. Os relatos indicam problemas como ônibus sujos e atrasos. “Infelizmente o serviço prestado não condiz com o valor praticado, temos observado que durante os últimos anos inclusive algumas linhas foram desativadas, o que colabora para que haja ônibus lotados, o que impacta tanto no conforto como na segurança dos usuários”, avalia a Peruci.
Diariamente, cerca de 44 mil pessoas utilizam o transporte público em Londrina. Ainda, são pautas do encontro de hoje, solicitação de tarifa zero para estudantes e trabalhadores e propostas de mobilização. A plenária é aberta a toda população.
“O valor desse reajuste desproporcional aos serviços prestados, atingi o bolso do trabalhador de forma direta ou indireta. De forma direta quando o empregado tiver que pagar o valor integral do transporte, e indiretamente quando há o custeio por parte do empregador, que irá contabilizar esse custo no momento do reajuste dos empregados”, adverte Peruci.
“Quando o trabalhador compra seu vale transportes sente diretamente na pele. Além disso, o empregado deveria ter um desconto dos 6% referente a a parte que ele contribui de conformidade com a lei”, acrescenta Silva.
Confira entidades que convocam a plenária:
1- CMP (Central de Movimentos Populares)
2 – Coletivo Popular em Movimento
3 – Frente Antirracista
4 – Frente Popular de Saúde
5 – Federação Brasil da Esperança
6 – UBM (União Brasileira de Mulheres)
7 – UJS (União da Juventude Socialista)
8 – MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
9 – PSOL (Partido Socialismo e Liberdade)
10 – PT (Partido dos Trabalhadores)
11 – Rede de Sustentabilidade
12 – PDT (Partido Democrático Trabalhista)
13 – PCdoB (Partido Comunista do Brasil)
14 – PV (Partido Verde)
15 – Sindicatos dos Vigilantes
16 – Sindicato dos Bancários
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.