Prisão foi realizada na região onde ocorreram os assassinatos; detido era “informante e aliado” do suposto mandante
Mais um suspeito de envolvimento com as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips foi preso pela Polícia Federal (PF) em Tabatinga (AM) nesta quinta-feira (18). O detido é o pescador Jânio Freitas de Souza, segundo informaram os portais g1 e r7.
O indigenista e o jornalista britânico foram assassinados em 2022 por uma quadrilha de pescadores que invadiam a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do Brasil.
Em nota, a Polícia Federal (PF) informou ter cumprido mandado expedido pela 1ª Vara Criminal de Tabatinga (AM). Segundo a PF, o homem detido é “conhecido por ser o informante e aliado do mandante dos homicídios”, além de seu “principal comparsa”.
Apontado pelas investigações e por indígenas do Vale do Javari como mandante do duplo homicídio, o suposto chefe da quadrilha de pescadores ilegais, Ruben Dario da Silva Villas, conhecido como Colômbia, segue preso em Manaus (AM). O advogado dele nega a acusação.
Também estão detidos sob supeita de cometer os assassinatos três pescadores: Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos santos”, e Jefferson da Silva Lima, chamado de “Pelado da Dinha”.
No início da noite desta quinta-feira (18), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), para quem Bruno Pereira trabalhava, disse que não tinha informações a respeito da nova prisão.
Relembre o caso
Em junho do ano passado, Bruno Pereira e Dom Phillips se deslocavam de barco até o município de Atalaia do Norte (AM), quando foram emboscados e mortos a tiros por pescadores ilegais que se opunham à atividade de monitoramento territorial conduzido pelo indigenista. A dupla ficou desaparecida por 10 dias, quando os corpos foram encontrados por indígenas, esquartejados, queimados e enterrados na mata.
Indigenista licenciado da Funai, Bruno Pereira foi exonerado de um cargo de chefia do órgão pelo então ministro da Justiça e atual senador Sérgio Moro (União). Ele decidiu então trabalhar diretamente para os indígenas da Univaja, onde chefiava o monitoramento de invasores da terra Vale do Javari. Dom Phillips, jornalista britânico experiente em coberturas na região Norte, acompanhava o trabalho de Bruno, enquanto escrevia o livro “Como salvar a Amazônia”.
Após as mortes, Bruno e Dom foram difamados pelo governo Bolsonaro. O ex-presidente declarou que eles morreram durante uma “aventura” e que não tinham autorização da Funai para adentrar a terra indígena Vale do Javari. As mentiras foram apontadas por servidores de carreira do órgão indigenista. No governo Lula (PT), a Funai pediu desculpas formais às famílias das vítimas, e retirou do site uma nota difamatória relativa à morte da dupla.
Fonte: Brasil de Fato