Artesã fabrica bonecos que representam orixás e apresenta seu trabalho em diversas instituições de ensino do Paraná
No último domingo (21), foi celebrado o Dia Mundial das Religiões e o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Uma das formas de combater a intolerância é a educação. Em Londrina a artesã Luciane dos Santos fabrica bonecos que representam orixás e têm sido utilizados como ferramenta pedagógica em escolas de todo o Estado.
Formada em Ciências Sociais e pós-graduada em História e Cultura Afro-Brasileira pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Santos começou a fazer bonecos negros em 2018, logo após concluir a graduação. “Não tem como estudar e ficar inerte, parada. De alguma forma, eu senti que tudo que eu aprendi tinha que voltar para a sociedade e o que eu melhor sei fazer é arte, e a partir daí, comecei a fazer bonecas negras”, diz.
O trabalho com artesanato começou muito antes disso. A primeira boneca feita por Santos foi um presente para sua filha. Nos últimos anos, o trabalho dela ganhou novos ares. “Volta e meia sou convidada para levar o meu trabalho a algumas escolas do Paraná. Quando você leva esses bonecos para dentro da sala de aula, desperta curiosidade e instiga as crianças e adolescentes a pesquisarem mais”, diz.
“Geralmente, as escolas ou professores me convidam, e sempre que tenho disponibilidade, eu vou”, conta. A artesã explica que basta o convite, que pode ser feito pelas redes sociais de Santos (aqui), para ela ir até uma escola.
Além das bonecas negras e dos orixás, Santos produz bonecas personalizadas, bonecos que representam pessoas com deficiência e bonecos inspirados em personalidades negras. “Acho que atendo também a uma demanda mercadológica. Somos 56% da população brasileira, e apenas 6% das bonecas produzidas são negras”, diz.
Constituição Federal
No Brasil, o direito à liberdade de religião ou crença está previsto no artigo 5º, VI, da Constituição Federal, que determina que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias”. Além disso, constitui crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões, prevendo pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa (Lei nº 7.716/1989).
Em Curitiba, as denúncias sobre casos de intolerância religiosa podem ser feitas pelo telefone 100 dos Direitos Humanos, pela Central de Atendimento Estadual no 181, ou pela Central de Atendimento da Prefeitura de Curitiba no 156.
Em casos de flagrante, a Polícia Militar deve ser acionada no 190, ou a Guarda Municipal de Curitiba no 153. O Núcleo da Promoção da Igualdade Étnico-Racial (NUPIER) do Ministério Público do Paraná e o Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Paraná também aceitam denúncias nos telefones 3250-4894 e 3219-7300, respectivamente.
Fonte: Jornal Plural