Servidora sofreu hematomas nas pernas e uma luxação no ombro
No último dia 17, uma agente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) de Londrina foi agredida pelo motorista de uma caminhonete na esquina da rua Flórida com a avenida Duque de Caxias, área central de Londrina.
De acordo com câmeras de segurança, é possível ver que o homem, que estaria a serviço de uma vidraçaria, estaciona o veículo em local proibido. No momento, uma viatura da Companhia rondava a região.
Após sinalização, ele retira a picape, caminha até viatura e começa a discutir com a funcionária, retornando para o carro em seguida. A agente vai atrás do motorista que acelera e chega a arrastá-la por alguns metros juntamente com outra mulher que chega para socorrê-la. Na sequência, ele vai embora do local.
Em nota, a CMTU informou que a servidora sofreu hematomas nas pernas e uma luxação no ombro. A empresa alega que a colaboradora irá representar criminalmente contra o motorista. Também pontuou que o motorista teria batido na mão da agente fazendo com que o aparelho utilizado para atribuir as multas caísse no interior da caminhonete.
Em entrevista ao Portal Bonde, o homem negou que tenha agredido a servidora.
Fabio Molin, presidente do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Londrina) conta que os ataques aos trabalhadores têm aumentado nos últimos anos. Para ele, o crescimento das violências físicas e verbais tem entre suas causas, o sucateamento dos serviços públicos. Com a qualidade comprometida, a população tende a culpabilizar o funcionário que presta diretamente o atendimento.
“Infelizmente, temos observado ao longo dos anos um aumento gradativo destes casos. Muito disso tem a ver com a falta de investimento por parte dos governos na contratação de servidores precarizando o atendimento à população, que acaba achando que os servidores são os responsáveis pela falta de condições do serviço público prestado”, avalia.
A liderança orienta que toda agressão sofrida pelo servidor deve ser registrada via boletim de ocorrência. Além disso, o trabalhador deverá acionar o Sindicato para que o coletivo acompanhe o caso e tome as medidas jurídicas cabíveis. “A entidade também presta todo o suporte necessário para que o servidor retorne às suas atividades sem riscos”, acrescenta Molin.
Ainda, de acordo com o sindicalista, agentes da CMTU pertencem a base de outro sindicato que tem a sua sede em Curitiba, mas aqueles que procurarem o Sindserv serão atendidos.
Para ele, é fundamental a realização de campanhas que conscientizem a população sobre a importância do funcionalismo público. “Todo servidor está sujeito a sofrer algum tipo de agressão, seja verbal ou física. Nós, enquanto Sindicato promovemos constantemente o reconhecimento e a valorização do servidor público, porque somente quando a população compreender que o servidor está ali para ajudá-la é que conseguiremos uma mudança de comportamento”, assinala Molin.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.