Má acomodação de pessoas em cadeiras de roda e ausência de intérprete de libras são as principais queixas
A sessão da Câmara de Vereadores da última terça-feira (27), marcada pela votação do polêmico projeto de aumento de salários, acabou se tornando motivo de queixa de pessoas com deficiência e familiares por falta de acessibilidade e de atenção à pauta.
Na sessão estavam presentes representantes de associação de doenças raras, alusivo ao dia nacional de conscientização sobre essas doenças, celebrado no dia 28. Algumas dessas pessoas usavam cadeiras de rodas. Segundo Saraí Brito, da Autimizar, elas foram colocadas nos corredores ou no fundo da sala.
“Tinha umas seis ou sete pessoas que fazem uso de cadeiras de roda e todas no corredor ou lá atrás. Eu fui lá perguntar onde estava a acessibilidade. Porque não tem lógica a pessoa cadeirante ficar lá atrás ou no corredor de evento”, questiona.
Saraí relata, ainda, a falta atenção para a pauta, pois, de acordo com ela, com a “Casa” cheia, as conversas impediam o entendimento dos discursos. “Como se não bastasse, chegou a imprensa para fazer a cobertura, falando alto, atrapalhando, incomodando todinha a sessão”, reclama.
Bruno José da Silva, presidente da Associação dos Surdos de Londrina (ASL), foi convidado para falar na sessão sobre a importância do PL 70/2023, que reconhece a surdez unilateral como deficiência auditiva em Londrina. Para ele, a falta de intérprete prejudicou o compartilhamento da mensagem.
“Fui chamado pra falar sobre a surdez unilateral. Mas quando cheguei lá tinha bastante deficiencia rara. E eu estava sem aparelho auditivo, nada pra escutar. E cadê a intérprete?”, questiona. “Quando me chamar tenho direito de ter intérprete. É obrigatório”, afirma.
Saraí diz que questionou uma servidora sobre a ausência de intérprete no local e ouviu que haviam solicitado naquele mesmo dia à secretaria de educação, que não tinha profissional disponível.
“A Câmara tem dinheiro, e muito, para contratar um intérprete. Na verdade deveria ter em todas as sessões, e não só nessa que era um evento alusivo”, questiona.
Procurada pela reportagem, a Câmara emitiu nota na qual destaca que se encontra em sede provisória por conta da reforma da sede no Centro Cívico e comenta caso a caso as reclamações. A Casa enfatiza que entrou em contato com os participantes da sessão de terça a fim de melhorar as recepções. Leia na íntegra.
Nota
Com foco na inclusão, as sessões da Câmara Municipal de Londrina passaram a contar, em dezembro de 2023, com interpretação simultânea em Língua Brasileira de Sinais (Libras). O recurso está presente nas transmissões on-line realizadas pelo Legislativo em seu canal no YouTube e em sua página no Facebook. O objetivo é garantir acessibilidade a pessoas surdas ou com deficiência auditiva. O serviço é oferecido por meio de contrato com a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos. Atualmente, dois intérpretes se revezam, com atuação remota, durante a transmissão on-line das sessões plenárias e audiências públicas.
Na sessão desta terça-feira (27), o presidente da Associação dos Surdos de Londrina, Bruno José Silva, esteve presente na área destinada ao público e foi atendido por servidores da Casa, que o informaram de que seria possível acompanhar os debates pelas duas telas instaladas na sala de sessões ou pelo celular, por meio da transmissão ao vivo nas redes sociais digitais do Legislativo. Com relação aos cadeirantes, eles foram recepcionados um por um e acomodados na área da frente da sala de sessões, conforme a capacidade do espaço. Uma das cadeirantes, ao ser abordada, disse que preferia ficar mais ao fundo.
Ressalte-se que, desde novembro de 2023, a Câmara está instalada provisoriamente no prédio de uma instituição particular de ensino superior, onde o Legislativo funcionará até a finalização da reforma de sua sede, no Centro Cívico. Adaptações foram e estão sendo realizadas para receber com mais qualidade o público que frequenta o espaço, mas há limitações estruturais. A Câmara reforça que está atenta às manifestações do público que frequenta o Legislativo e que os setores responsáveis já entraram em contato com os convidados da última sessão plenária para entender como é possível melhorar o atendimento.
Fonte: Rede Lume de Jornalistas