Ação denominada “Plataforma Zero”, foi definida em Assembleia
Esta quarta-feira, dia 22, educadores das escolas estaduais do Paraná estarão mobilizados em uma ação denominada “Plataforma Zero”. Este dia, será marcado por debates durante as aulas, nos quais professores e funcionários irão apresentar as consequências do uso cada vez maior de ambientes virtuais e aplicativos em sala de aula, que acabam por interferir na autonomia docente e, ainda, sobrecarregar os estudantes.
Além disso, outras reivindicações como o pagamento da data-base serão discutidas. Em entrevista ao Portal Verdade, Walkiria Mazeto, presidenta da APP (Sindicato dos Professores e Funcionários de Escola do Paraná), explicou a importância da mobilização.
“Nesta data, definimos em assembleia por um dia de debates nas escolas. Professoras conversarão com os estudantes e também com seus pares. Na discussão estão temas como o pagamento da data-base e principalmente as questões que envolvem a pressão que sofrem pelo uso das plataformas educacionais docentes”, diz.
O objetivo é chamar a atenção para o impacto negativo do uso intensivo de plataformas digitais na educação, que, segundo Mazeto, tem causado adoecimento e comprometido a autonomia dos docentes.
“Durante esse período, os professores serão convidados a evitar o uso das plataformas digitais de ensino como uma forma de expressar sua insatisfação com essa realidade”, explica.
Segundo Mazeto, a decisão foi embasada em uma pesquisa realizada em julho de 2023, que revelou que o uso dessas plataformas não tem contribuído de forma significativa para a aprendizagem.
Demandas prioritárias
Entre as demandas, também está a reivindicação pelo pagamento da data-base, que, conforme a presidenta, o governo tem ignorado: “Até o momento, o governo não apresentou nenhuma proposta sobre a data-base. Este ano, por conta da baixa inflação, o índice de reajuste está na casa dos 3,6%. Um percentual plenamente absorvível pelo governo, até porque há recursos financeiros para isso.”
Outro ponto importante é a luta por um ajuste justo e igualitário do piso salarial. Walkiria criticou as tratativas do governo, que tem criado distorções salariais: “Este é mais um dos absurdos deste governo. Ele aplica reajuste no início da carreira e não corrigi nos demais níveis e classes. Com isso, você cria uma distorção e achata os salários dos que estão na carreira há muitos anos.”
A APP defende uma correção em toda a tabela salarial, respeitando os percentuais iguais nos interníveis para evitar o achatamento da carreira, garantindo que todos os educadores sejam devidamente valorizados.
Contra a privatização das escolas
Ainda entre as pautas, uma das preocupações mais amplas dos educadores é o projeto de privatização das escolas, conhecido como “Parceiros da Escola”. Trata-se da entrega da gestão das escolas públicas para entidades privadas, o que representa uma ameaça à qualidade e universalidade da educação pública.
A justificativa do governo de que a comunidade escolar terá poder de decisão sobre essa escolha é vista com desconfiança pelos educadores. Eles argumentam que as dificuldades em promover debates com a comunidade escolar podem levar a decisões precipitadas ou desinformadas. Segundo Walkiria, “uma vez que esse projeto se torne lei, o governo terá carta branca para privatizar as escolas conforme seus interesses políticos, que muitas vezes não são alinhados com os melhores interesses educacionais”, afirma.
Além disso, a questão financeira também é um ponto de preocupação. Atualmente, o governo investe recursos públicos significativos na educação pública, aproximadamente R$ 800,00 por estudante. Esses recursos são gerenciados de forma pública, sem a busca por lucro. No entanto, uma vez privatizadas, as escolas se tornariam fontes de lucro para as empresas gestoras, que naturalmente buscariam otimizar custos para aumentar sua margem de lucro, o que poderia comprometer a qualidade da educação oferecida.
Para os educadores, a educação pública não deve ser tratada como uma mercadoria e não pode ser submetida à lógica do lucro empresarial. Portanto, eles estão determinados a fazer frente a qualquer tentativa de privatização da escola pública, defendendo uma educação de qualidade e acessível para todos.
Solidariedade e ações futuras
A mobilização do dia 22 de maio faz parte de um calendário mais amplo de ações aprovado pela categoria. Entre as próximas atividades estão:
- Junho: Vigília dos aposentados e educadores e Audiência Pública (datas a definir).
- 3, 11 e 19 de Junho: Plataforma Zero.
A APP-Sindicato também está promovendo uma campanha de arrecadação de donativos para ajudar a população do Rio Grande do Sul, reforçando a solidariedade entre os educadores e a comunidade. Saiba mais aqui.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão.