Trabalhadores com ensino médio e moradores da região Norte apresentaram os maiores aumentos
Em 2024, a renda média do trabalhador brasileiro aumentou em comparação a 2023. A informação foi verificada pelo IPEA (Pesquisa Econômica Aplicada) em nota intitulada “Retrato dos Rendimentos do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do Primeiro Trimestre de 2024”.
De acordo com o levantamento, nos primeiros três meses deste ano, a renda média dos brasileiros foi de R$ 3.137, registrando um aumento de 1,5% em relação ao trimestre anterior e de 4% na comparação com os primeiros três meses do ano passado, quando o valor atingiu R$ R$ 3.017.
Entre janeiro e março deste ano, a massa salarial alcançou uma média mensal de R$ 309,7 milhões. O montante corresponde a mais R$ 19,2 milhões que no mesmo trimestre de 2023 (+6,6%).
Na análise por vínculo de ocupação, os dados revelam que, no primeiro trimestre de 2024, excluindo-se os empregadores, os trabalhadores por conta própria tiveram o maior crescimento de renda interanual, com aumento de 6,9%, após alta de apenas 1% da renda no trimestre anterior.
Por sua vez, os trabalhadores do setor público tiveram crescimento de 4,9%, os empregados sem carteira assinada, de 4,4% e os empregados com carteira assinada apresentaram avanço de 3%.
A advogada Bianca Peres chama atenção para a constatação de que maiores pagamentos sem vínculo formal podem ocultar prejuízos a médio e longo prazo.
“Algumas empresas ofertam vagas com salários mais altos, porém sem contratação efetiva. Não arcando com direitos trabalhistas que são responsabilidade dos contratantes, é possível garantir remuneração superior, porém este trabalhador fica sem estabilidade, acesso a férias, 13º salário, seguro-desemprego, entre outras garantias. Com o passar do tempo, esta diferença, que não costuma ser muito grande na maioria das vezes, deixa de ser atrativa, se consideramos que o trabalhador estará totalmente desprotegido”, adverte.
Na avaliação setorial, no primeiro trimestre do ano, os trabalhadores da indústria, transporte e serviços registraram o maior crescimento na renda, com alta superior a 6%; enquanto os setores de agricultura, construção e serviços profissionais tiveram aumentos mais modestos, com elevação de renda habitual de 0,5%, 0,8% e 0,9%, respectivamente.
O levantamento por grupos demográficos, na comparação do primeiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023, apontou que os trabalhadores adultos (40 a 59 anos), com ensino médio e moradores da região Norte apresentaram os maiores aumentos de renda. Entretanto, o crescimento foi menor para trabalhadores do Nordeste, entre os jovens (14 a 24 anos) e os chefes de família.
Franciele Rodrigues
Jornalista e cientista social. Atualmente, é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Tem desenvolvido pesquisas sobre gênero, religião e pensamento decolonial. É uma das criadoras do "O que elas pensam?", um podcast sobre política na perspectiva de mulheres.