Por Venâncio de Oliveira
A economia política brasileira no primeiro semestre expressa o caos intencional do bolsonarismo. Brasil vive de ciclos curtos de valorização e desvalorização da moeda, caída e subida do desemprego sem baixar da casa dos 11%. Crescimento quase linear da pobreza e estancamento na geração de emprego estável e de qualidade. Dessa maneira, uma quase-constante taxa de subutilização da força de trabalho na casa dos 24%. Além dos ciclos de ameaças golpistas, que alimentada pelas milícias digitais, insuflam os famigerados “grupos de tiro”, que acreditam na terraplana de cortinas de fumaças como STF comunista, enquanto o brasileiro e a brasileira média empobrecem.
Assim, nesses ciclos e nesse caos intencional temos uma economia sem dinâmica que vai definhando na pobreza. Segundo o Cadúnico, em abril de 2022, em Londrina houve 73.580 de pessoas em situação de pobreza extrema; em Curitiba 110.370 pessoas; no Paraná cerca de 1,1 milhão e no Brasil cerca de 47 milhões nessa situação. As pessoas que vivem da especulação no mercado financeiro ganham com essa situação e os capitalistas médios ganham com a superexploração, baixos salários e jornadas extenuantes, mesmo perdendo com um mercado consumo estreito.
Para reverter a multiplicidade da pobreza bolsonarista (cultural, intelectual e material, etc) é necessário um consenso em torno de uma agenda política popular e democrático. Ela deve passar pela promoção de emprego com investimento público e distribuição de renda em patamares elevados. Não basta com retomar políticas compensatórias, o debate sobre renda básica universal passou a ter aceitação pública, portanto, precisamos apostar em níveis de transferência de renda que criem um patamar mínimo de vida de pelo menos um salário mínimo per capita. Isso passa por entrar em conflito com a lógica de superexploração do subemprego. Além de desconstruir o consenso neoliberal-financeiro por meio da rejeição da especulação com alimentos e energia. Porém, só vamos conseguir isso se mantivermos a democracia e para isso, precisamos voltar às ruas.