Em Londrina, categoria se mobiliza por correção salarial e fim de assédio
As negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) têm sido marcadas por forte tensão. Com os bancários reivindicando melhorias salariais e condições de trabalho, os bancos se vêm resistentes a atender às demandas da categoria.
Em Londrina, as tratativas têm gerado grande expectativa. Laurito Porto de Lira, diretor do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região, detalhou as principais pautas apresentadas na última rodada de negociações.
Entre as reivindicações estão o reajuste salarial para corresponder à reposição da inflação, acrescido de 5% de aumento real, além de melhorias nos vales-alimentação e refeição, e na Participação nos Lucros e Resultados (PLR)+.
Os bancários também buscam o fim do sistema de cobrança de metas abusivas, que tem gerado assédio moral, a implementação de uma jornada de trabalho de quatro dias e a contratação de mais trabalhadores. No entanto, segundo Laurito, a resposta dos bancos tem sido frustrante.
“Os bancos têm adotado um discurso de estarem em um cenário desafiador no mercado financeiro, devido à competição desleal com cooperativas de crédito e fintechs [tecnologia financeira]. Alegam que se concederem o reajuste salarial, irão quebrar. Isso é uma falácia que a categoria não aceita, diante dos resultados que os próprios bancos apresentaram, mostrando justamente o contrário. Os lucros têm aumentado, mesmo com a pandemia, mas a valorização do funcionário tem ficado para trás”, afirma.
No primeiro trimestre de 2024, os resultados foram bastante positivos para as organizações. O lucro dos cinco maiores bancos brasileiros (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa) cresceu 15,2%: foram mais de R$ 29,1 bilhões no total.
Até o momento, os bancos não apresentaram nenhuma proposta, mesmo após mais de dois meses de negociações nas mesas temáticas. Pelo contrário, há indicações de que eles querem retirar benefícios e reduzir a PLR, o que tem gerado ainda mais descontentamento entre os bancários.
Diante desse cenário, o Comando Nacional dos Bancários tem intensificado a pressão, utilizando dados para desmascarar as alegações dos banqueiros e organizando mobilizações em todo o país.
“Estamos realizando mobilizações junto à categoria, levando o escárnio das falas dos banqueiros diante dos resultados, e buscamos sensibilizar a categoria para ampliarmos nossa organização e mobilização para pressionar a Fenaban”, comenta Laurito.
Londrina
Sobre a saúde mental dos trabalhadores, Laurito menciona que algumas instituições financeiras, como o Banco do Brasil, começaram a implementar programas destinados à temática, fruto das negociações nas mesas temáticas de saúde.
No entanto, ele reconhece que ainda há muito a ser feito, especialmente em Londrina, onde o Sindicato busca ampliar o apoio aos trabalhadores que enfrentam problemas de saúde relacionados às condições de trabalho.
O Sindicato dos Bancários de Londrina também tem colaborado ativamente com outras entidades regionais para fortalecer as demandas locais nas negociações nacionais.
“Realizamos uma pesquisa nacional junto à categoria e estimulamos nossa base a responder, para que pudéssemos levar essas demandas às mesas temáticas. Também organizamos uma Conferência Regional com os Sindicatos da Região Norte Pioneiro do Estado e uma Conferência Estadual para estruturar propostas”, relata Laurito.
Caso as negociações não avancem como esperado, a possibilidade de intensificar as mobilizações é real.
“Se a Fenaban não apresentar nenhuma proposta decente, iremos intensificar as atividades de mobilização e realizar novas ações, que podem incluir o fechamento de agências e departamentos das instituições financeiras, não só em Londrina, mas em diversas cidades do país. Se mesmo assim a Fenaban não ceder, o movimento de greve será inevitável”, finaliza o diretor.
Na última quinta-feira (15), representantes do Sindicato dos Bancários visitaram novas agências em Londrina. A manifestação deve seguir nesta semana.
Matéria da estagiária Joyce Keli dos Santos sob supervisão.